quinta-feira, dezembro 15, 2005

Patativa do Assaré


Patativa do Assaré (by Vicente Freitas)
O poeta — Antônio Gonçalves da Silva [Patativa do Assaré], nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. Casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956. Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Já foi estudado até na Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Poeta de livro e folheto, Patativa também se dedicou à composição, musicando poemas de sua própria lavra, alguns dos quais se tornaram grandes sucessos de público – como foi o caso de Triste Partida, na voz de Luiz Gonzaga, e Vaca Estrela e Boi Fubá, uma de suas toadas gravadas pelo amigo, conterrâneo e grande divulgador Raimundo Fagner. A composição musical, bem diferente do improviso poético dos violeiros, foi seu jeito de romper os limites do desprezo e do desconhecimento das grandes platéias urbanas em relação à incompreendida poesia matuta. CRONOLOGIA DE PATATIVA DO ASSARÉ 1909 – nasce dia 5 de março, na Serra de Santana (Assaré), Antônio Gonçalves da Silva, Patativa do Assaré. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, pequenos agricultores. 1913 – Fica cego de um olho em decorrência de uma doença. 1917 – Morte do pai, a 28 de março. A pequena propriedade da família, na Serra de Santana é dividida entre os filhos José, Antonio, Joaquim, Pedro, Maria e Mercês. 1921 – vai para a escola aos 12 anos, onde passa quatro meses. É alfabetizado por meio do livro de Felisberto de Carvalho. Mantém o trabalho na agricultura. 1922 – começa a fazer os primeiros versos sobre brincadeiras de festas de São João, queima de Judas, plantio das roças, etc. 1925 – vende uma ovelha para comprar a primeira viola. Passa a se apresentar nos sítios e festas da região. 1928 – viaja para Belém [Pará], com o primo José Alexandre Montoril, que já morava lá. Patativa fica cinco meses em Belém. É lá onde ganha de José Carvalho de Brito, jornalista e advogado do Crato, radicado na capital paraense, o apelido de Patativa. Apresenta-se nas "colônias", núcleos de nordestinos que migraram para o Pará. Faz o percurso, pela linha férrea, de Belém a Bragança. 1929 – de volta ao Ceará, visita a Casa de Juvenal Galeno, onde se apresenta em noite festiva e tem o privilégio de conhecer o poeta das "Lendas e Canções Populares''. 1931 – citado no livro "O matuto cearense e o caboclo do Pará", de José Carvalho, que relembra o episódio do encontro com o jovem poeta. 1936 – casa-se, dia 6 de janeiro, com Belarmina Paes Cidrão, a dona Belinha, com quem teve 14 filhos. 1940 – apresenta-se com o violeiro João Alexandre, nos sítios e festas do Cariri.
1955 – conhece José Arraes de Alencar, que toma a iniciativa de transcrever seus poemas com Moacir Mota, filho de Leonardo Mota. 1956 – publicação de "Inspiração Nordestina", Borsoi Editor, Rio de Janeiro, reeditado em 1967. 1962 – apresenta-se no São João Popular, no sítio Trindade, em Recife, promovido pela administração Miguel Arraes. 1964 – Luiz Gonzaga grava "A Triste Partida", poema de Patativa. 1966 – lançado o livro "Cantos de Patativa". 1970 – publicação de "Patativa do Assaré - Novos Poemas Comentados", de J. de Figueiredo Filho. 1978 – lançado "Cante lá que eu canto cá", Editora Vozes. 1979 – passa a residir em Assaré, à rua Coronel Onofre, 27, Praça da Matriz. 1980 – Fagner grava "Vaca Estrela e Boi Fubá" (CBS) 1981 - lança o disco "A terra é naturá". 1985 – faz a letra de "Seca d'Água", criação coletiva para angariar fundos para as vítimas das enchentes, que assolaram o Nordeste naquele ano. 1988 – publica o livro "Ispinho e Fulô", pela Imprensa Oficial do Ceará. 1989 – seminário 80 anos de Patativa do Assaré, promoção da Urca.
1991 – lança o livro "Balceiro", organizado por ele e por Geraldo Gonçalves, que reúne parte da produção dos poetas de Assaré, publicado pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult)/Ioce. 1994 – lança o livro "Aqui tem coisa", na I Feira Brasileira do Livro de Fortaleza. 1995 – lançamento de "Patativa e o Universo Fascinante do Sertão", de Plácido Cidade Nuvens.
1997 – seminário 88 anos de Patativa do Assaré, promovido pela Urca e Secretaria da Cultura do Estado, no Crato. 1999 - festa de aniversário, com a inauguração do Memorial Patativa do Assaré, em sua cidade natal.
2002 - 08 de julho - a cultura popular cearense se despede de um dos maiores poetas nordestinos. Sua poesia denunciou injustiças, declarou amor e suplicou compaixão. Viva Patativa do Assaré - poesia brotada do chão.

Trovas para Bela Cruz




Trovas


Bela Cruz, tua rotina,
Entre sonhos, luta e glória
Quantas coisas pequeninas
Fazem grande tua história.

O Alto da Genoveva
É emblema e distinção,
Lembra da terra querida
O berço e a tradição.

A tua Igreja, encanta...
A torre esguia parece
U’a mão sublime e santa
Pedindo paz numa prece.

No fórum se faz justiça,
Mas digo de coração:
Melhor rezar uma missa
Levando nosso perdão.


VICENTE FREITAS