terça-feira, dezembro 12, 2006

DIAMANTINO SILVEIRA

Aureliano Diamantino Silveira – Padre. Professor. Advogado. Escritor, – vem desenvolvendo ao longo da sua vida, intensa atividade intelectual. E o faz revelando três cousas fundamentais: honestidade de propósitos, base cultural e espírito de justiça.
Ainda muito moço emigrou para a cidade, em busca de vida nova. Mas, durante sua permanência distante do torrão natal – sua querida Bela Cruz foi sempre a evocação de todos os momentos.
Pois foi aqui que ele nasceu, na fazenda Lagoa Seca, distrito de Santa Cruz, ex-Alto da Genoveva. Logo o menino Diamantino entrou em contato com as vilas de Santa Cruz, Cruz, Marco, e outras cidades como Camocim, Acaraú, Santana do Acaraú e Sobral. Em Correguinho, aprendeu a carta de A B C, com dona Amélia, sua primeira professora; em Camocim, assimilou as primeiras letras, com sua tia Mundica; em Lagoa do Mato, com o professor Raimundo Major, desenvolveu a leitura; em Santa Cruz, ingressou na escola municipal, cursando o primário, com a professora – sua prima – dona Geralda Lopes Araújo. Em Sobral, fez o ginásio e o segundo grau, no Seminário São José. Finalmente, em Fortaleza, conclui o curso de Filosofia e Teologia, na Prainha.
Além da formação acadêmica em Teologia, ainda concluiu o bacharelado em Direito e a licenciatura pedagógica, o que lhe proporcionou habilitação para exercer o magistério universitário em algumas instituições de ensino superior, no Rio de Janeiro, onde redigiu os livros, que tenho agora a honra de apresentar ao público.
Sua dedicação incansável à palavra escrita estendeu-se igualmente à palavra falada. Tanto gosta de escrever, quanto de discursar. Seus discursos geralmente são breves, e agradam pela naturalidade com que profere a frase abundante e expressa o pensamento espontâneo.
Aprecia tanto a conversa amena e simples das rodas de amigos, quanto a formalidade solene das preleções e conferências. São seus lazeres prediletos a prática da oratória, o exercício da literatura e a arte de fazer amigos.
Por ser homem dedicado ao uso da palavra – a principal mediação da comunicação e do relacionamento humanos – , não é estranho que pertença, como sócio, a várias instituições culturais e academias, locais onde a fala é sempre farta e as letras abundantes.
Ele escreve, simplesmente, como quem fala e fala, simplesmente, como quem escreve. Prefere a frase comum, usual, acessível a todos. E isto lhe conta em crédito, pois nada mais fácil do que escrever difícil. Por tudo isso, não é escritor de aprimorar o estilo com palavras bem ajustadas ou construir períodos com excessiva pureza de linguagem. O que lhe importa é transmitir o que pensa, como quem se desobriga de um dever sagrado.
Diga-se mais que é assíduo escrevedor de cartas, sendo proverbial a pontualidade em enviá-las e respondê-las. É grande a correspondência que mantém com entidades e homens de letras de vários pontos do Brasil.
Dizia o grande pregador Pe. Antônio Vieira, que o melhor retrato de um homem é aquilo que ele escreve, pois “o corpo retrata-se com o pincel; a alma com a pena”. Se é assim, o nosso escritor já se fotografou a si mesmo, e superabundantemente.
O grande destaque de sua produção de escritor, é seu trabalho enciclopédico,–UNGIDOS DO SENHOR na Evangelização do Ceará (Premius Editora, 2004), onde faz o registro de todos os sacerdotes que nasceram no Ceará ou vieram de outros estados e/ou países para cumprirem aqui o seu papel evangelizador. Um trabalho minucioso de pesquisa que resultou em 3 volumes, com mais de 1500 páginas, e que fornece informações preciosas sobre a Igreja Católica e seus padres, em nosso Estado.
Pois o autor trabalhou incansavelmente durante doze anos e visitou centenas de bibliotecas e arquivos, para recolher o rico acervo de dados e informações que conseguiu reunir para compor este livro de indiscutível utilidade histórica e de multiforme serventia biobibliográfica.
Hoje é, sem dúvida, um dia memorável para Bela Cruz, porque um de seus filhos mais ilustres, lança dois livros simultaneamente: “O Olhar que Fala” e “Eu Sou o Pão Vivo Descido do Céu”. Frutos do estudo, da experiência, da perseverança e da pertinácia, do nosso escritor.
Pois ele tem a convicção de que a parceria entre o tempo e o trabalho transforma uvas em vinho, trigo em pão, argila em tijolos, palavras em poemas, histórias em livros.
Assim tem sido a vida do professor Aureliano Diamantino Silveira, meu primo e amigo. Nosso conterrâneo. Para ele os nossos parabéns e nossos aplausos. Muito obrigado. Vicente Freitas 09.12.2006