quinta-feira, abril 17, 2008

O Poeta Costa Senna

O cantor, compositor, ator e cordelista Costa Senna já foi bem mais conhecido dos cearenses do que hoje é dos paulistanos, pelo menos os que se identificam com a cultura popular nordestina, tão importante para a formação cultural daquela cidade. Há 18 anos por lá, o poeta cearense está prestes a se tornar cidadão paulistano, em sessão da Câmara de Vereadores marcada para 16 de maio. Na noite de 16 de abril de 2008, o músico e poeta popular apresentou-se no Teatro do Centro Dragão do Mar, lançando mais um livro “Caminhos Diversos - sob o signo do cordel”.

No palco, Costa Senna mostra uma fusão de elementos da cultura nordestina, e chega ao rap urbano e universal. “Ecos Lógicos - do repente ao rap” contará com a participação do grupo maranguapense UnirVersos, título inspirado em “Fábrica de UnirVersos”, seu mais recente álbum. Uma visão ecológica e de amor à nordestinidade, inspirada na verve poética do artista. Coco, embolada, xote e baião dão o ritmo aos motes sociais defendidos pelo poeta. “Um show pra pensar, mas também para rir, esta marca única da música nordestina”, ressalta. Mas os quase 20 anos de Sampa também se refletem na contemporaneidade do hip hop. “O rap deriva do repente, mesmo que a rima deles não seja tão pura quanto a nossa”.

Música - Lembrando o Brasil Cabloco Música - Viagem no Alfabeto Cordel, poesia oralSegundo Costa Senna, o cordel foi sua primeira manifestação, “nesses últimos dez anos, pegando meu próprio cordel e tirando o excesso de rimas para transformá-lo em música”. O cordel, acrescenta, é uma linguagem muito presa às rimas e metrificações, algo que a música deixa mais solto. Sua poética aborda temas sociais e de duplo sentido. “Afinal, é um livro popular”. Como em “Fábrica de UnirVersos”, reúne temas infantis na cantiga circense “Cacá”, na canção “Escola” e no trava-língua abcdário “Viagem no Alfabeto”, o cordelista tem também publicações para o público infantil: “Escrevo cordel para criança, na base do repente e de rap”.

Para Senna, “a poesia oral ainda encanta, estamos no único país do mundo onde as pessoas riem pela música, a música do Brasil, do Nordeste. Tem mensagem e tem alegria. Não perco isso, mesmo morando há muito tempo lá”.No show de hoje, ele apresenta 14 músicas próprias e fragmentos de cordel, inclusive deste livro, ao lado da formação maranguapense do Unir Versos. “Não sou repentista, meu negócio é escrever”. Por isso mesmo, ele está sempre com cordelistas como Rouxinol do Rinaré, Klévisson Viana e Arievaldo Viana. “As editoras estão aderindo mais, já estive na Olho D’Água, Paulinas e agora vai sair pela Nova Alexandria ‘Viagem ao Centro da Terra’”, de Júlio Verne”.

A mesma coleção conta com textos de Klévisson, Moreira de Acopiara e Rouxinol do Rinaré.Aventuras em SampaEm Sampa, Costa Senna acaba de participar ainda do álbum do livro “São Paulo minha cidade.com”, editado pela Prefeitura da cidade, através de depoimentos mandados por e-mail. “Viagem por São Paulo”, um rap de “Moço das Estrelas” (2002), seu primeiro CD, está entre o mineiro Téo Azevedo, o paulista Paulo Vanzolini, em depoimento sobre “Ronda” e sobre São Paulo; o cantador pernambucano Sebastião Marinho; Osvaldinho da Cuíca, falando sobre o samba paulistano; e ainda Zica Bergami, sobre seu “Lampião de Gás” .

“Sinto muita dificuldade em fazer trabalhos em minha cidade, parece que existe uma força invisível boicotando. Já na terceira maior cidade do mundo, obtive este reconhecimento”, diz Costa Senna, feliztambém com a homenagem da Câmara de Vereadores paulistana. “Aqui existe uma miopia cultural. Esse reconhecimento vale mais do que qualquer dinheiro”, aponta, questionando os ecos de uma mania bem nordestina de valorizar mais o que vem de fora. Um intérprete da região na capital paulistaCantor, compositor e poeta popular, mesmo sem ser cantador, Costa Senna começou sua trajetória nos anos 80, inspirado na genialidade dos artistas populares nordestinos como os próprios cantadores. Inspiração que o levou também ao palco como ator nas montagens ´A Irmandade da Santa Cruz do Deserto´, de Oswald Barroso; ´A Noite Seca´, de Geraldo Markan; ´Barrela´, de Plínio Marcos; ´Deus lhe Pague´, de Joracy Camargo; ´Cigania Luzidia´, de Eduardo Braga e outras. No cinema atuou no curta-metragem ´As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thoth´, de Jairo Ferreira e, em 2005, atuou no vídeo-documentário sobre Paulo Freire ´Educar para Transformar´, de Tânia Quaresma. O filme foi baseado em um de seus cordéis. Mora desde 1990 em São Paulo. É ainda autor, em co-autoria, de ´Tome Cinco Camarada´, ´Raul Seixas, O Trem das Sete´ e ´Jesus Brasileiro´. Com sua banda UnirVersos, em São Paulo e agora Maranguape, e desde 2002 lançou os álbuns ´Moço das Estrelas´, ´Costa Senna em Cena´ e ´Fábrica de UnirVersos´.

domingo, abril 13, 2008

A Poesia de Márcio Catunda


















O pior dos mundos


De todas as atitudes a pior é a violenta.

De todas as violências a pior é a armada.

De todas as agressões a pior é a covardia.

De todas as covardias a pior é a de um povo

que autoriza os seus governantes a massacrar outro povo.

De todas as guerras a pior é a hipócrita.

De todas as ilusões, a pior é a loucura.

De todas as atrocidades a pior é a cometida

sem justificativa.

Imagine dezenas de lutadores de karatê

atacando um paralítico.

É o que está acontecendo hoje no pior dos mundos.



Crônica da cidade sodomita



Não mereceu do mar um grão de areia a cidade sodomita.

Os mosquitos e a companhia de eletricidade fizeram um pacto com os vendedores de doce

e os dentistas, e os petroleiros do West com os fabricantes de armas.

Os provedores de combustível regam plantas nos jardins da crise,

e o governo negocia com Maquiavel.

Os pintores garatujas dialogam com os turistas

e até a ardente claridade mercadeia com os ventiladores.

Tudo é comércio nas ruas de luxo e lixo.

Até o ar-condicionado, para o acesso ao artifício do paraíso,

sob a liberdade celestial do frescor,

nos impõe velhacos e indolentes técnicos.

Os guardiões concordam com a escuridão e o desemprego.

A lixeira celebra o seu convênio com os ratos e a carniça.

As clínicas se harmonizam com os buracos das calçadas.

O engarrafamento com os postos de gasolina,

os furacões com a arquitetura e o calor.

Tudo é concordância, até a escolta presidencial

se entende bem com os semáforos apagados.

Até os bancos parecem feitos para o FMI

e os soldados para o conflito multinacional.

Até os revólveres e as camionetas celebram bodas com o dinheiro

fácil. [Dinheiro desinfetado com detergente narco-cabrão.

Tudo é entendimento: cem anos luz de concórdia.

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Resumo biobibliográfico




1. Nome: Márcio Catunda Ferreira Gomes. Nascimento: 22.05.1957 em Fortaleza - Ceará. 2. Formação: Faculdade de Direito – Universidade Federal do Ceará, 1979. Instituto Rio-Branco – Brasília, 1985. Ingressou na Carreira Diplomática em 1985. Faculdade de Letras - CEUB – Brasília, 1989.

De 1991 a 1994 residiu e trabalhou em Lima - Peru, como secretário da carreira diplomática, na Embaixada do Brasil sediada naquele país. De 1994 a 1997 desempenhou a função de Cônsul-Adjunto no Consulado-Geral do Brasil em Genebra - Suíça. Excerceu, de 1998 a 2000, a função de Conselheiro na Embaixada em Sófia - Bulgária. Atualmente está lotado na Embaixada do Brasil em São Domingos – República Dominicana, como Conselheiro da carreira diplomática.3. Bibliografia:Poemas de Hoje, 1976 (com Natalício Barroso Filho). Fortaleza – Ce; Incendiário de Mitos, poesia. 1980. Fortaleza – Ce; Navio Espacial, poesia. 1981. Fortaleza – Ce; Estórias do Destino e a Pérfida Perfeição, contos e poesia. 1982. Fortaleza – Ce; O Evangelho da Iluminação, poesia. 1983. Fortaleza – Ce; A Quintessência do Enigma, poesia. 1986. Brasília – DF; Purificações, poesia, 1987. Rio de Janeiro – RJ; O Encantador de Estrelas, poesia, 1990. Brasília –DF; Sortilégio Marítimo, poesia, 1991. São Paulo - S.P.; Los Pilares del Esplendor, poesia. 1992. Lima – Peru; Llave Maestra, poesia. 1994, Lima - Peru (com três poetas peruanos); A Essência da Espiritualidade, ensaios, 1994. Lima - Peru.; Poèmes Ecologiques, poesia, 1996. Bellegarde – França.; Ânima Lírica, CD de poemas musicados 1997. Genebra – Suíça; Anthologie Sonore, CD de poemas recitados em três idiomas, 1997, Genebra. - Suíça; Mário Gomes, Poeta, Santo e Bandido, biografia. 1997. São Paulo - SP.; Rosas de Fogo, poesia. 1998. Rio de Janeiro – RJ; Água Lustral, poesia.1998 - Rio de Janeiro RJ; Estância Cearense., Antologia Poetica. 1999. Fortaleza - Ce.; À Sombra das Horas, Antologia. (poemas traduzidos em búlgaro). 1999. Sófia - Bulgária.; Na Trilha dos Eleitos , ensaios. 1999. Rio de Janeiro -RJ.; No Chão do Destino, poesia. 1999 - Vitória - E.S.; Crescente, poemas musicados, 1999 Sofia Bulgaria; London Gardens and other journeys, poesia, 2000, Sofia -Bulgária.; Verbo Imaginário, Antologia (CD com poemas lidos pelo autor). 2000. Sofia – Bulgária; Noites Claras, poemas musicados em CD. 2001 - Sofia – Bulgaria; Mística Beleza, poemas musicados em CD – 2003 – Brasília DF; Rios – Antologia de poemas de quatro autores, (participa juntamente com os poetas cariocas Thereza Christina Motta, Elaine Pauvolid, Tanussi Cardoso e Ricardo Alfaya. Rio de Janeiro, 20034. Movimentos Culturais de que participou: Presidente do Clube dos Poetas Cearenses em Fortaleza, 1975. Fundador do Grupo Siriará em Fortaleza, 1985. Residiu no Rio de Janeiro em 1982, havendo frequentado o círculo de reuniões denominado “Sabadoyle”, onde conviveu com Carlos Drummond de Andrade e outros famosos escritores residentes naquela cidade. Em 1983, em Fortaleza, organizou, com outros poetas, o evento denominado "Chuva de Poesia" que se constituiu no lançamento de helicóptero, na Praça do Ferreira (centro de Fortaleza), de 160.000 folhetos com poemas de mais de oitenta poetas cearenses. Em 1984 ingressou na Associação Nacional de Escritores, de Brasília, passando a estabelecer intercâmbio com escritores de todas as regiões brasileiras. Em 1992 fundou em Lima, Peru, com os poetas peruanos Eduardo Rada, Regina Flores e Eli Martin, o grupo REME, que organizou recitais e publicou livros no período de 1992 a 1994. No período de 1996-1997 participou, em Genebra, Suíça, da Associação de Escritores Genebrinos. 5. Colaboração em Revistas e Jornais: Publicou poemas, ensaios e contos em revistas e jornais de diversos Estados brasileiros, entre os quais a “Revista da Academia Cearense de Letras”, as revistas “Literatura”, de Brasília, e Literapia, de Fortaleza, bem como os jornais "O Povo", "Diário do Nordeste" e "Tribuna do Ceará", de Fortaleza e "Correio Braziliense" e "Jornal de Brasília", da Capital brasileira, no "Jornal do Comércio", do Rio de Janeiro, no "Suplemento de Minas Gerais", no jornal da Associação Nacional dos Escritores e, além de outras publicações independentes ou alternativas, inclusive eletrônicos, com cujos editores mantém ativo intercâmbio.