sábado, fevereiro 20, 2010

DE SÍTIO SANTA CRUZ A BELA CRUZ

Conforme antiga tradição oral, em princípios do século XVIII, uma mulata chamada Genoveva passou a morar no local hoje ocupado pela cidade de Bela Cruz e mandou construir uma casinha sobre a colina, a noroeste da atual Igreja Matriz. A tradição diz ainda que Genoveva tinha uma profissão especial: sabia fazer benzeduras e rezava para diferentes mazelas – espinhela caída, quebranto nas crianças e reumatismo nos velhos; bem como adivinhar o futuro. Essa profissão constituía naquele tempo, uma eficiente fonte de renda, e Genoveva granjeou tanto prestígio, que o local ficou conhecido por Alto da Genoveva. Por essa época, como a localidade e adjacências já formassem um pequeno arraial deu-se início à construção de uma Capela, consagrada a Nossa Senhora da Conceição. A proximidade do Rio Acaraú e a fertilidade das terras da ribeira e da mata constituíam promessa de facilidade de sobrevivência e até de fartura. “O solo se prestava, convenientemente, como ainda se presta, ao cultivo do algodão, da mandioca, de alguns cereais e até cana de açúcar, ao passo que os campos e as caatingas se adaptavam à criação de bovinos, caprinos, suínos e outros. A preferência daqueles que desejavam viver e trabalhar naquela área era pela terra mais próxima da povoação, especialmente à meia légua doada à capela, para formar seu patrimônio. Outros buscavam a povoação, com o objetivo de aumentar seus haveres, porque já eram detentores de recursos e queriam terra boa onde lhes conviesse desenvolver suas atividades”.

Apesar de a tradição oral dar conta de uma velha mulata (Genoveva) como a primeira habitante da localidade, isso não é exato. Como já vimos diversos latifundiários e criadores de gado, ali adquiriram sesmarias e ali passaram a morar, isso, quase um século antes da existência de Genoveva. Afirmamos mesmo que – como já observara Antonio Bezerra – essa tradição é falsa, como são todas as que se referem às origens do Ceará.

O que sabemos sobre Genoveva que, na verdade, não era mulata, nem rezadeira, nem velha, é o seguinte: A 1º de novembro, de 1753, realiza-se na Matriz de Caiçara (Sobral) o casamento religioso de Miguel do Prado Leão, filho de Cosme do Prado Leão e Luzia da Assunção Oliveira, com Ana Maria de Vasconcelos, uma das sete irmãs, filha de Manoel Vaz Carrasco e D. Madalena de Sá. Após o casamento passaram a residir na Fazenda Malassombrado, (Bela Cruz). Deste consórcio houve 9 filhos, entre estes, Martinho do Prado Leão, que se casou, a 22 de julho de 1793, com Genoveva Maria de Jesus, sua prima, filha de Anselmo de Araújo Costa e D. Francisca Xavier. Posteriormente, este casal passou a morar nas proximidades da Capela de Santa Cruz. Eis aí a origem do nome – Alto da Genoveva que, estamos certos, nunca deu nome ao povoado, mas apenas à parte do alto onde Genoveva residia. E, se Genoveva, como consta, passou a morar no local após seu casamento, ocorrido 61 anos depois da construção da Capela de Santa Cruz, impossível ter sido ela a primeira habitante da localidade. Ainda mais que, em 1732, quando os sesmeiros Nicolau da Costa Peixoto e Domingos Aguiar de Oliveira, doaram alguns bens para o patrimônio da Capela, a localidade já tinha o nome de sítio Santa Cruz, conforme podemos observar na Escritura de Doação. E com esta denominação o povoado atravessou anos e séculos, até que através do decreto federal nº 311, de 2 de março de 1938, recebeu o nome de Bela Cruz.

Diante do que escrevemos e transcrevemos, parece que não poderá haver mais dúvidas de que a primeira denominação da hoje cidade de Bela Cruz – foi SANTA CRUZ e não Alto da Genoveva. Se levarmos em conta a tradição, é forçoso dizer, não há o que aproveitar em benefício da verdade.

Resumindo: a hoje cidade de Bela Cruz nasceu há mais de três séculos, precisamente, em 1683. Naquele ano foi concedida a Manoel de Goes e seus companheiros a primeira sesmaria do Vale do Acaraú. Posteriormente outras pessoas ali vieram morar. Em 1732 construíram uma igrejinha. Esse templo consagrado a Nossa Senhora da Conceição. Em 1938, o Decreto Federal nº 311, deu ao topônimo a denominação de “Bela Cruz”. O patrimônio da capela foi constituído de meia légua de terra e 40 vacas, doadas pelos proprietários Nicolau da Costa Peixoto e Domingos Aguiar de Oliveira, a 12 de setembro de 1732. Já o município foi criado por lei de 23 de fevereiro de 1957, do então Governador do Ceará, Paulo Sarasate Ferreira Lopes, e foi instalado, oficialmente, a 25 de março de 1959. Eis a verdadeira história.

Ao usar este artigo, faça referência, cite a FONTE: Texto de autoria de Vicente Freitas, disponível em: http://vicentefreitas.blogspot.com

BELA CRUZ - 53 ANOS

Vicente Freitas, no Alto da Genoveva.

Ao usar esta foto, faça referência, cite a FONTE: Arquivo de Vicente Freitas, disponível em http://vicentefreitas.blogspot.com

domingo, fevereiro 14, 2010

2010 – 7 de fevereiro – Comemorado o centenário de nascimento da Ir. Maria Carmélia Nobre (Ir. Marta) filha da Caridade, da Companhia de São Vicente de Paulo. Nascida no Sítio Ouro, atual município de Pacoti, Ceará. Em 1939, ingressou no Dispensário Sagrado Coração de Jesus, em Fortaleza, onde realizou o Pré-Postulado. Após esse período seguiu para a Santa Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro. E daí para o Seminário, no Hospital Central do Exército, no Rio Grande do Sul. Ingressou no Instituto Imaculada Conceição de Bela Cruz, no dia 7 de dezembro de 1986. Lúcida, Ir. Marta continua trabalhando. Seu pensamento pessoal: “Sou a Costureira dos Pobres, os quais são os meus preferidos”.

IIC 50 ANOS

2010 – 8 de fevereiro – Abertura das comemorações do Jubileu de Ouro, do Instituto Imaculada Conceição. Quando inaugurado, no dia 14 de fevereiro de 1960, estiveram presentes à solenidade, Pe. Luís Gusswenhow, Ir. Marilac e Pe. Odécio Loiola Sampaio, idealizador e construtor da obra, Ir. Maria Clara Alcântara Brasileiro, Diretora, Ir. Ana Maria Meireles e Ir. Bernadete Carvalho, autoridades e povo de Bela Cruz e municípios vizinhos. Por ocasião do Jubileu de Ouro, foi feito o lançamento de uma revista comemorativa, contendo fotografias e depoimentos de diretores, professores e ex-alunos.