quarta-feira, novembro 23, 2011

Parabéns pelo Dia Internacional do Livro

Para comemorar o Dia Internacional do Livro, dia 23 de novembro, viemos prestigiar um dos maiores escritores de todos os tempos, Fernando Pessoa. Nascido em Portugal (Lisboa1888 — 1935foi um poeta e escritor considerado um dos maiores da língua portuguesa e da literatura universal. 

Aos seis anos de idade foi para a África do Sul, onde aprendeu perfeitamente o inglês, e das quatro obras que publicou em vida, três são em inglês. Durante sua vida, Fernando Pessoa trabalhou em vários lugares como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, e ao mesmo tempo produzia suas obras em verso e prosa. 

Como poeta, era conhecido por suas múltiplas personalidades, os heterónimos, que eram e são até hoje objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. 



Fernando Pessoa faleceu em Lisboa, com 47 anos anos de idade, vítima de uma cólica hepática causada por um cálculo biliar associado a cirrose hepática, um diagnóstico hoje é dia é contestado por diversos médicos. 

Alberto Caeiro, nascido em Lisboa, e era o mais objetivo dos heterônimos. Buscava o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura.

- Ricardo Reis, nascido no Porto, representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos. Apóia-se na mitologia greco-romana; é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, porque a morte está à espreita. É um médico que se mudou para o Brasil.

- Álvaro de Campos, nascido no Porto, é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso. Campos era um engenheiro inativo, inadaptado, com consciência crítica.

E para finalizar essa singela homenagem citamos um de seus famosos poemas:



MAR PORTUGUÊS


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? 

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Cadê o Padre Leriano?

Vicente Freitas e Padre Aureliano Diamantino Silveira
Após concluir o Curso Normal, voltei ao colégio para continuar o Curso Técnico. No início de cada ano escolar, geralmente ocorrem mudanças, o que aconteceu no curto período de férias em que estive em casa. A capela ganhara um novo capelão. O antigo passara a ser o vigário da Igreja Matriz em substituição ao que se consagrara Bispo da Diocese. O novo capelão era um jovem padre de 27 anos, com um rico cabedal de conhecimentos e nobres ideais. Ali, seria o seu novo campo de ação, um apostolado junto à juventude estudantil daquela Escola abençoada pelo brilhante trabalho das Irmãs de Caridade.
          Pelo período de um ano, tive o prazer de conviver com essa personalidade incrível, dotada de acentuado carisma espiritual, capacidade intelectual e arguta inteligência. Durante a celebração dos atos litúrgicos, percebía-se o grau de virtudes que aureolavam aquele coração cheio do amor de Deus. Paciência, humildade, caridade tornavam-no uma pessoa querida por todos os que dele se aproximavam. Nascera com o dom da oratória, percebendo-se a facilidade de expressão em linguagem rebuscada ou coloquial, sem perder a eloquência. Uma expressão que sempre empregava em seus sermões ou palestras era: "... Depois da tempestade vem a bonança, depois da bonança vem a tempestade e depois da tempestade vem novamente a bonança".... Repetia várias vezes, talvez para gravar em nossos corações uma mensagem de fé e esperança diante das dificuldades da vida, que o importante é não desistir, levantar após cada queda e vencer as adversidades.
          Um dos trabalhos que desempenhou com dedicação e amor, foi junto à JECf (Juventude Estudante Católica Feminina) da qual fiz parte e que contribuiu para a formação de  muitas jovens estudantes do meu colégio. Nossas reuniões tinham como objetivo exercer apostolado entre os jovens, levando a Palavra de Deus e convidando-os à prática do bem com base nos ensinamentos do Senhor Jesus. Eram momentos de atividade sadia em que o nosso orientador irradiava todo o seu potencial carismático e pleno de sabedoria.
          Todos os dias, após a Santa Missa, as Irmãs ofereciam-lhe o café-da-manhã que era servido por Dª Antônia, uma senhora idosa, magra, de cor negra e cabelos crespos grisalhos. Sempre que procurava por ele, ia perguntando a quem encontrava: “Cadê o Padre Leriano? Você viu”? Fazia isso tantas vezes que já estava virando apelido. ”Cadê o Padre Leriano”? “Bom dia, Padre Leriano”. O nosso Capelão encarava isso com o senso de humor que lhe era peculiar. Às vezes, dizia rindo: “Chegou o Padre Leriano”! Um dia, após faltar à Missa, chegou ao colégio um pouco abatido, com um lenço em volta do pescoço, um tanto rouco. Tinha um chapéu na cabeça e usava um guarda-chuva. Ao perguntar o que sentia, respondeu, todo encolhido a um canto da sala: “Ah! minha amiga, o Padre Leriano estava encamarinhotado, com febre”. Sair naquele frio intenso da serra da Ibiapaba, não lhe era mesmo conveniente.

Durante um ano convivi com esse virtuoso apóstolo do bem, o grande servo de Deus, Padre Aureliano Diamantino Silveira, filho de Bela Cruz-CE, que deixou no meu colégio, em São Benedito, um terreno bem preparado para o rebanho do Senhor Jesus. Tenho certeza de que todas as pessoas que estiveram sob sua orientação, agradecem a Deus pela sua dedicação, sabedoria e amizade.
          Há pouco tempo, encontrei-me com uma ex-colega da JECF, aqui na praça do Ferreira, que no meio de várias recordações, me perguntou: “Você sabe por onde anda o Padre Leriano”? Rimos bastante, com lágrimas de saudade, rolando pelas faces.


Maria de Jesus A. Carvalho

sábado, novembro 05, 2011

Documentário resgata história sobre o Rio Acaraú

O diretor Roberto Bomfim está visitando os diversos Municípios que são cortados pelo rio, iniciando por Tamboril
Gabaritado por ter sido roteirista de documentários famosos no Ceará, Roberto Severino Bomfim Júnior está com um novo desafio. Ele, mais a produtora Set Oceano Filmes, está desenvolvendo o projeto "Rio Acaraú, o Gigante do Norte". O documentário a ser filmado nos meses de dezembro e janeiro pretende retratar as tradições folclóricas e culturais do povo ribeirinho do Acaraú.
Foto: Vicente Freitas  (Rio Acaraú inunda cidade de Bela Cruz)
A pré-produção já começou por Tamboril, Varjota, Cariré, Groaíras e Sobral. Nesta semana, segue para Santana do Acaraú, Morrinhos e Marco. Na próxima semana, vai para Cruz, Bela Cruz e Acaraú. "Temos, no nosso roteiro, o resgate dessas manifestações, como reisados, grupos quilombolas, mestres da cultura; enfim, queremos resgatar esta memória imaterial do Acaraú", destaca o diretor roteirista, Roberto Bomfim.

Depoimentos

O documentário terá depoimentos expressivos de ribeirinhos, produtores culturais, historiadores, pesquisadores e estudiosos da cultura da região, como Lustosa da Costa, Batista de Lima, Gilmar de Carvalho, Juarez Leitão, Francisco Pinheiro, Cid Gomes, Ciro Gomes, Artur Bruno, Auto Filho, Clodoveu Arruda, Virgílio Maia e Campelo Costa.

Para viabilizar o documentário, que ainda não tem nome definido, Roberto Bomfim está percorrendo as diversas cidades retratadas para conseguir verba suficiente para as filmagens e edição. Este trabalho deve ser concluído na próxima semana e as filmagens começam logo em seguida.

Caravana

"Com ele pronto, vamos passar em caravana por todos Municípios documentados para exibição de gala do filme. Depois, a ideia de exibição mediante convênio com tevês abertas e fechadas, além de distribuirmos em forma de DVD para bibliotecas, escolas, faculdades, universidades, centros culturais cearenses, prefeituras e organizações não governamentais. Temos ainda a ideia de tradução para inglês, espanhol e francês para exibição em ONGs da França, Espanha e Portugal", informa Roberto Bomfim. O projeto, que tem a chancela da Fundação Educacional Presidente Kennend, de Guaraciaba do Norte, segundo Bomfim, quer dar lição da inteligência dos bravos sertanistas, índios e estrangeiros, que conquistaram e valorizaram o Norte do Ceará com suas tradições, costumes e culturas.

Duração

O documentário terá 50 minutos de duração e deve ser finalizado em 31 de janeiro de 2012. "Nossa expedição percorrerá 320 quilômetros, destacando os primeiros exploradores da Zona Norte, como os índios, franceses e portugueses", revela. Conforme Bomfim, o documentário quer resgatar antigos hábitos pertinentes à cultura do povo ribeirinho. "Vamos documentar o processo criativo das lendas, seu aprimoramento e extinção". O diretor ressalta que o documentário partirá dos dias de hoje e remontará a história. "Partiremos de uma realidade atual, muito diferente da encontrada no passado, no tocante aos aspectos culturais, sociais e político e, a partir dela, resgatando histórias que foram esquecidas ao longo do tempo".

MAIS INFORMAÇÕES 

Projeto "Rio Acaraú, o Gigante do Norte", documentário
Diretor Roberto Bomfim
Fones: (85) 9674.5480 e 8744.8106
Diário do Nordeste
Lauriberto Braga
Repórter