Vicente Freitas e Padre Aureliano Diamantino Silveira |
Pelo período de um ano, tive o prazer de conviver com essa personalidade incrível, dotada de acentuado carisma espiritual, capacidade intelectual e arguta inteligência. Durante a celebração dos atos litúrgicos, percebía-se o grau de virtudes que aureolavam aquele coração cheio do amor de Deus. Paciência, humildade, caridade tornavam-no uma pessoa querida por todos os que dele se aproximavam. Nascera com o dom da oratória, percebendo-se a facilidade de expressão em linguagem rebuscada ou coloquial, sem perder a eloquência. Uma expressão que sempre empregava em seus sermões ou palestras era: "... Depois da tempestade vem a bonança, depois da bonança vem a tempestade e depois da tempestade vem novamente a bonança".... Repetia várias vezes, talvez para gravar em nossos corações uma mensagem de fé e esperança diante das dificuldades da vida, que o importante é não desistir, levantar após cada queda e vencer as adversidades.
Um dos trabalhos que desempenhou com dedicação e amor, foi junto à JECf (Juventude Estudante Católica Feminina) da qual fiz parte e que contribuiu para a formação de muitas jovens estudantes do meu colégio. Nossas reuniões tinham como objetivo exercer apostolado entre os jovens, levando a Palavra de Deus e convidando-os à prática do bem com base nos ensinamentos do Senhor Jesus. Eram momentos de atividade sadia em que o nosso orientador irradiava todo o seu potencial carismático e pleno de sabedoria.
Todos os dias, após a Santa Missa, as Irmãs ofereciam-lhe o café-da-manhã que era servido por Dª Antônia, uma senhora idosa, magra, de cor negra e cabelos crespos grisalhos. Sempre que procurava por ele, ia perguntando a quem encontrava: “Cadê o Padre Leriano? Você viu”? Fazia isso tantas vezes que já estava virando apelido. ”Cadê o Padre Leriano”? “Bom dia, Padre Leriano”. O nosso Capelão encarava isso com o senso de humor que lhe era peculiar. Às vezes, dizia rindo: “Chegou o Padre Leriano”! Um dia, após faltar à Missa, chegou ao colégio um pouco abatido, com um lenço em volta do pescoço, um tanto rouco. Tinha um chapéu na cabeça e usava um guarda-chuva. Ao perguntar o que sentia, respondeu, todo encolhido a um canto da sala: “Ah! minha amiga, o Padre Leriano estava encamarinhotado, com febre”. Sair naquele frio intenso da serra da Ibiapaba, não lhe era mesmo conveniente.
Durante um ano convivi com esse virtuoso apóstolo do bem, o grande servo de Deus, Padre Aureliano Diamantino Silveira, filho de Bela Cruz-CE, que deixou no meu colégio, em São Benedito, um terreno bem preparado para o rebanho do Senhor Jesus. Tenho certeza de que todas as pessoas que estiveram sob sua orientação, agradecem a Deus pela sua dedicação, sabedoria e amizade.
Há pouco tempo, encontrei-me com uma ex-colega da JECF, aqui na praça do Ferreira, que no meio de várias recordações, me perguntou: “Você sabe por onde anda o Padre Leriano”? Rimos bastante, com lágrimas de saudade, rolando pelas faces.
Maria de Jesus A. Carvalho
Ao procurar matérias para postar no Acaraú Online me deparo com este artigo, coincidência ou não, em 2007 meu irmão Luciano Rios foi deixar o Pe Aureliano na Rodoviária, depois dele visitar papai Arimá Silveira seu primo e amigo, foi a ultima vez que o Aureliano e Luciano vieram à Acaraú pois meu irmão faleceu neste mesmo ano justamente hoje 22 de novembro e o Padre faleceu em 2008.
ResponderExcluirQue eles gozem da vida eterna junto de Deus!