terça-feira, outubro 29, 2024

“SÁBADO, ESTAÇÃO DE VIVER”: NO TRAÇO DE JUAREZ LEITÃO


O Eco da Alma de Fortaleza

 

É num suspiro que se entende a essência do livro de Juarez Leitão, um autor que, sem alarde, desvenda, com olhos tão precisos quanto apaixonados, o que parece ser apenas um encontro semanal de amigos. Contudo, em “Sábado, Estação de Viver”, há um eco mais profundo — um retrato de Fortaleza, ou melhor, um espelho da alma de sua gente. Juarez toma para si o dever de registrar não apenas a história de um grupo de sábados, mas o que esses encontros significam para quem vive entre a saudade e o futuro, entre o riso e a melancolia.

A história do grupo descrito não é apenas a jornada de companheiros reunidos para debater temas que vão de política a poesia, mas um recorte das transformações culturais, dos sonhos e da própria fragilidade de um tempo onde nada é seguro, exceto a cumplicidade dos presentes. Cada sábado, no entanto, torna-se uma “estação” — não a parada breve de uma semana que se inicia, mas uma morada provisória para as ideias e as almas que ali encontram abrigo. Juarez transforma essa simplicidade num relato que transcende a trivialidade.

O livro celebra, como Pessoa celebraria, o “bater da hora inútil”, aquele instante da pausa, da reunião aparentemente despretensiosa, onde a vida adquire uma significância que as rotinas semanais normalmente não oferecem. Juarez traça perfis com a delicadeza de quem conhece cada rosto, cada olhar e cada saudade. Não há no grupo um líder, como bem observa o autor; há uma liderança rotativa, silenciosa, que repousa no respeito ao espaço alheio. Essa liberdade entre iguais é o que permite, paradoxalmente, uma coesão que transcende a mera presença física.

Juarez Leitão remonta, com a destreza de um historiador que sabe que os detalhes compõem a memória, cada momento como se fosse uma joia rara, conservada na prosa ritmada de quem compreende o valor da fugacidade. Há algo de ritual nas reuniões: o convite à comunhão, o peso leve da feijoada como pretexto, o feixe de vozes que se somam e reverberam em histórias, o fluir das ideias como um rio sem pressa. Juarez descreve o sábado como o intervalo onde cabe tudo o que não cabe no resto da semana, e isso é, talvez, o que faz desse grupo uma entidade quase mística.

A obra nos conduz ao âmago de uma Fortaleza que vive nos encontros, na pluralidade. Esse espírito descontraído, livre de qualquer formalidade ou hierarquia, coloca o “Sábado” como um poema vivo, onde o barulho das vozes se mistura ao som dos talheres, onde o “homem não tão vazio” de Vinícius encontra morada. Em sua escrita, Juarez não apenas conta a história de um grupo, mas interpreta uma Fortaleza plural, viva, cujas “esquinas” se fazem na comunhão dos olhares e no riso cúmplice dos amigos.

Em “Sábado, Estação de Viver”, Lúcio Alcântara, aduz no Prefácio,— ricos e remediados, influentes e anônimos — compartilham de um espaço onde a hierarquia social se dissolve e surge a autêntica camaradagem. Esse ponto de convergência é examinado com riqueza de detalhes, no livro de Juarez, que celebra a mistura igualitária dos participantes como marca essencial e duradoura dessa tradição. Ao longo da obra, o “Sábado” revela-se como um “Dia” de convivência que transcende o próprio espaço físico, pois os frequentadores são mais do que conhecidos; são parte de uma verdadeira irmandade social.

Assim, “Sábado, Estação de Viver” não é apenas um livro; é uma carta de amor a tudo que há de mais cearense e de mais humano. É um convite a saborear a vida com a serenidade de quem sabe que o tempo, em algum momento, há de parar — mas, até lá, seguimos, sábados após sábados, em busca do instante pleno. Juarez nos deixa, enfim, com a certeza de que cada sábado guarda o potencial de ser vivido, intensamente.

 

A Essência do Sábado

 

Juarez Leitão, em sua obra “Sábado, Estação de Viver”, captura a essência do sábado não apenas como um dia da semana, mas como um símbolo que representa a mística da experiência cultural cearense. No Ceará, especialmente na Fortaleza de tempos passados, o sábado assume um papel singular: é o dia em que a cidade se desarma das obrigações e se entrega ao prazer, à boemia e ao reencontro de laços sociais. Juarez explora, com riqueza poética, a dimensão de esperança e liberdade que o sábado encerra, transformando-o num “espaço-tempo reservado à liberdade,” como ele sugere, o “dia da esperança do gozo”. A partir dessa noção, Juarez faz da crônica cearense um retrato da tradição e do vínculo afetivo que o sábado representa.

A perspectiva de Juarez Leitão sobre o sábado é impregnada de uma mística própria à cultura cearense. Este dia, como ele o pinta, é mais do que o intervalo para o descanso; é o eixo onde a vida social e o lazer ganham novos contornos. Ele nos transporta para um Ceará onde o sábado se torna um ritual, um tempo em que o povo se encontra não apenas consigo mesmo, mas também com suas raízes culturais. O sábado simboliza uma trégua na dureza do cotidiano, uma pausa que permite a expressão de uma alegria genuína, seja no simples encontro entre amigos, seja nas festas que celebram a vida.

Juarez habilmente utiliza o sábado como ponto de partida para tecer memórias e reconstruir a atmosfera de uma Fortaleza quase mitológica, onde a tradição ainda atravessava cada gesto e encontro. “Sábado, Estação de Viver” parece reviver uma Fortaleza que existia antes da urbanização massiva e da modernização, e o sábado, assim, é o dia em que essas memórias se renovam. Juarez convida o leitor a um passeio pelas ruas da cidade, nos finais de semana, onde ressoam risos e histórias que, de certa forma, parecem eternas.

A obra de Juarez Leitão também reflete sobre o tempo como uma construção social que, no sábado, ganha outra conotação. Ele enxerga o sábado como o dia em que a ideia de tempo deixa de ser prisão para se tornar libertação. A vida, usualmente comprimida numa sucessão de obrigações e responsabilidades, encontra um momento de respiro na véspera do domingo. Juarez fala do sábado como uma estação de viver, onde o tempo não é contado em horas, mas em vivências intensas e memoráveis.

 “Sábado, Estação de Viver”, de Juarez Leitão, é mais do que uma homenagem a um dia específico da semana; é uma obra que explora o sábado como um símbolo cultural, especialmente significativo na cidade de Fortaleza. Juarez coloca o sábado como uma espécie de santuário, um momento de encontro, de liberdade, de reflexão, e de celebração. Ele enlaça memórias, tradições e afetos numa narrativa que convida o leitor a reviver esse espaço sagrado do tempo cearense.

 

O Nascimento de Uma Crônica Sociológica

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão transcende o simples relato dos encontros entre amigos e ergue um monumento de valor sociológico para a história cultural de Fortaleza. O autor, que em princípio se propôs a registrar de forma despretensiosa as reuniões e confraternizações semanais, acaba criando uma crônica viva e envolvente sobre a cidade e suas transformações. Juarez nos conduz por um mosaico de décadas, onde os encontros de sábado, a princípio prosaicos, se convertem num espelho da evolução cultural, social e histórica de Fortaleza.

O olhar de Juarez, habilmente sensível ao que se oculta na simplicidade, transforma o trivial em matéria-prima para uma análise social rica e complexa. Os encontros semanais são descritos com detalhes que capturam o espírito da cidade, revelando as personalidades, as conversas, as histórias e, mais do que tudo, a essência de uma Fortaleza em transformação. Em cada reunião, há um resgate do passado e uma projeção do futuro: os amigos que compartilham ideias, risos e reflexões acabam por encarnar o próprio desenvolvimento cultural da cidade. Esses momentos íntimos e particulares tornam-se, sob o prisma do autor, verdadeiros registros de um fenômeno coletivo.

Juarez estabelece uma ponte entre o microcosmo dos encontros de amigos e o macrocosmo da sociedade fortalezense. Em suas descrições, o autor capta não apenas o espírito das personalidades que frequentam esses encontros, mas também as mudanças de um tempo e lugar específicos, traduzindo as nuances culturais de Fortaleza, ao longo de mais de três décadas. O livro não é apenas sobre os encontros em si, mas sobre a identidade cultural de uma cidade que, em cada geração, redefine o que é e o que deseja se tornar. A cada página, o leitor é transportado a uma Fortaleza que, ao mesmo tempo em que busca se adaptar às mudanças, encontra forças para preservar sua memória e valores.

Um dos grandes méritos de “Sábado, Estação de Viver” é a sua habilidade de dialogar com a sociologia, transformando uma crônica simples numa análise profunda. Juarez vê além das histórias individuais; ele capta o ethos de uma cidade e de seu povo, revelando as transformações culturais, políticas e econômicas que moldaram Fortaleza. Cada encontro é narrado com a leveza de uma conversa entre amigos, mas carrega o peso de uma análise sobre o tempo e suas marcas na cultura local. Juarez, com sua sensibilidade, percebe e expõe as tensões entre o moderno e o tradicional, entre o global e o local, tornando as reuniões dos sábados em microcosmos da sociedade cearense. 

“Sábado, Estação de Viver” é mais do que uma celebração de encontros; é uma reflexão sobre o papel dos laços afetivos e sociais na construção da memória coletiva. Juarez destaca o poder das relações interpessoais como formas de resistência cultural, onde as conversas e risos representam uma tentativa de preservação da identidade diante das forças da mudança. A simplicidade do cotidiano é elevada ao patamar de uma narrativa sobre os cearenses, suas aspirações e suas lutas.

Para quem lê, “Sábado, Estação de Viver” oferece não só uma viagem por Fortaleza, mas um mergulho nas questões que definem a cultura e a memória de uma sociedade. Juarez Leitão, ao transformar seus sábados numa estação de viver, convida o leitor a compreender que a história de uma cidade é, antes de tudo, feita dos gestos cotidianos de seus cidadãos, de suas conversas, suas memórias, suas trocas de olhares e suas risadas. Ao final da leitura, a sensação que persiste é a de que Fortaleza vive e respira em cada página, em cada encontro narrado, lembrando-nos que a essência de uma cidade se encontra, muitas vezes, nas sutilezas do que é aparentemente trivial.

 

Os “Salões de Sábado” e a Tradição Literária

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão nos convida a um mergulho nostálgico e reflexivo na história cultural de Fortaleza, especialmente através dos “salões de Sábado” e das agremiações literárias que animaram a cidade em tempos passados. Este foco é, sem dúvida, um dos pontos altos da obra, pois Juarez não apenas registra eventos e figuras ilustres, mas recria atmosferas e revela dinâmicas sociais que, à primeira vista, podem parecer extemporâneas, mas que, no contexto da tradição cearense, constituem-se verdadeiros alicerces da sua identidade cultural.

Juarez destaca, em particular, o papel da Padaria Espiritual, um dos mais icônicos coletivos literários e culturais da cidade, fundado em 1892. Esse grupo irreverente de intelectuais e artistas era movido pelo desejo de provocar a sociedade através de uma literatura ácida e irônica, em que a crítica social encontrava na sátira e no humor uma forma singular de expressão. Em sua análise, Juarez ilumina a originalidade da Padaria, não como um coletivo distante e sem relevância atual, mas como um movimento que antecipou posturas e práticas de resistência cultural, caracterizando-se como uma contestação ao status quo de sua época.

A evocação dos salões literários e das reuniões de Sábado também permite a Juarez construir um panorama amplo da cidade de Fortaleza, ressaltando-a como um ponto de confluência entre o rigor intelectual e o prazer lúdico. Os “salões de Sábado” se configuram, então, como locais de encontro, troca e formação, nos quais escritores, poetas, artistas e intelectuais se reuniam não apenas para discutir ideias, mas para vivenciar a arte em todas as suas formas. Por meio dessa tradição boêmia e intelectual, a cidade moldava um ethos cultural próprio, uma “Fortaleza de letras” que se fortalecia pela contínua interação entre pessoas de diferentes origens e classes, unidas pelo desejo comum de criar e transformar.

Juarez descreve com precisão a importância desses encontros, não apenas para os participantes imediatos, mas para a formação de uma identidade literária e social de Fortaleza. Os “salões de Sábado” e as agremiações como a Padaria Espiritual eram espaços onde o compromisso intelectual se misturava ao espírito festivo, configurando uma prática de criação coletiva marcada pela informalidade e pelo improviso, mas com um sentido de comprometimento cultural.

A obra sugere que, ao cultivar esses espaços literários e de convivência, Fortaleza consolidava-se como uma cidade capaz de construir uma tradição que, embora ancorada na crítica e na contestação, sempre manteve uma leveza essencial. Essa fusão entre seriedade e ludicidade, capturada com maestria por Juarez Leitão, revela uma Fortaleza em que a literatura se tornava um ato de resistência, mas também de celebração da vida em toda a sua complexidade. “Sábado, Estação de Viver” é, assim, uma homenagem à vitalidade dos salões e das agremiações que definiram a alma cultural de Fortaleza, convidando o leitor a um olhar mais atento e afetivo sobre a tradição literária cearense.

 

Boêmios e Seresteiros

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão recria um passado vibrante de Fortaleza, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX, ao retratar o mundo dos boêmios e seresteiros. Nesse cenário, a cidade é mais que pano de fundo; ela ganha vida como um mosaico de sons, cores e encontros inesperados que se entrelaçam na narrativa. Juarez ilumina uma Fortaleza que pulsava ao ritmo das serenatas e das madrugadas nas esquinas, evidenciando o espírito rebelde e artístico de uma geração que usava as ruas como palco de expressão.

A obra de Juarez transcende a simples descrição dos personagens, transformando a boemia num verdadeiro ethos cultural. A vida boêmia, com seu tom libertário e artístico, emerge como uma forma de resistência e expressão de liberdade. Juarez apresenta esses personagens como seres que viviam de maneira autêntica e descomprometida, enfrentando os costumes tradicionais com poesia, música e companheirismo. Essa abordagem celebra a boemia valorizando uma liberdade que foge ao controle dos padrões convencionais.

A galeria de personagens, como Ramos Cotoco, Fernando Weyne, Lauro Maia e Luiz Assunção, é pintada com detalhes que revelam as peculiaridades de cada figura, expondo o contraste entre as trajetórias individuais e o senso coletivo de comunidade. Juarez os apresenta como símbolos de resistência cultural, cujas histórias pessoais refletem a luta pela preservação de uma cultura viva e popular. Cada um desses personagens, com sua dose de humor e ousadia, representa a força de um estilo de vida que moldou a identidade cultural de Fortaleza.

Juarez adota uma abordagem quase antropológica ao explorar esses boêmios. Ele vai além do mero relato de acontecimentos e adentra os recônditos do pensamento e das emoções que movem esses personagens. O autor investiga os anseios e as angústias dos seresteiros, revelando um lado humano e vulnerável em meio ao caos e à transgressão que definiam suas vidas. É uma análise minuciosa e afetiva, que enriquece a obra ao destacar o valor das memórias e das tradições de um tempo que se dissolve na modernidade.

A narrativa de Juarez é atravessada por uma linguagem espontânea, poética e carregada de humor, que aproxima o leitor desse universo boêmio. O autor usa um estilo que mescla o coloquial ao lírico, criando uma conexão imediata com o leitor e evocando o espírito despreocupado e festivo da boemia. Através desse estilo, Juarez consegue transitar com leveza entre o cômico e o dramático, explorando o lirismo dos seresteiros e a irreverência dos boêmios sem perder a profundidade.

Juarez Leitão resgata, através da tradição oral e das lendas urbanas, o espírito de uma Fortaleza que persiste apenas na memória. Essas histórias ganham contornos quase míticos, como se as figuras boêmias fossem heróis anônimos de uma epopeia urbana. Juarez revela uma habilidade singular em preservar o valor da oralidade, transportando o leitor para uma época em que as histórias eram passadas de boca em boca, carregando a vitalidade e o calor das relações interpessoais.

A música e a poesia, centrais na obra, são elevadas por Juarez como a essência da identidade boêmia. Para os personagens, esses elementos eram mais do que entretenimento; eram veículos de expressão. Juarez explora como as canções e os versos falavam de amor, saudade, crítica social e, sobretudo, de uma saudade da própria liberdade. Através das serestas, ele reforça a importância da arte como força unificadora e como reflexo dos sentimentos e anseios populares.

A obra instiga o leitor a refletir sobre a efemeridade da vida boêmia, em que o prazer estético e o desejo de viver intensamente se sobrepõem a qualquer compromisso com a permanência. Juarez exalta essa transitoriedade como parte essencial da experiência boêmia, onde cada noite representa um fragmento. Esse caráter passageiro, contudo, é o que preserva na memória a intensidade de cada história, como se a própria impermanência fosse a força que mantém a lembrança viva.

O caráter memorialista de “Sábado, Estação de Viver” confere à obra um tom de homenagem, como uma ode a uma Fortaleza que já não existe. Juarez não apenas descreve, mas celebra o espírito de uma época que sobrevive nas lembranças e nas histórias dos boêmios. Essa evocação de um passado perdido traz à tona um saudosismo que transcende a simples nostalgia, fazendo o leitor se questionar sobre a inevitável transformação das cidades e o desaparecimento das tradições.

Juarez Leitão ressalta o papel dos boêmios e seresteiros como cronistas da vida cotidiana. Esses personagens abordavam desde temas triviais até questões sociais mais profundas, sempre com um toque de leveza e humor. A obra se destaca ao expor como as canções e conversas de bar se tornavam reflexões espontâneas sobre a vida, as alegrias, as dores e as contradições da vida. “Sábado, Estação de Viver” deixa um legado valioso: a celebração de uma cultura popular rica e autêntica, que enriqueceu e moldou a identidade de Fortaleza.

Com esse ensaio traçamos uma análise sobre “Sábado, Estação de Viver”, reconhecendo a habilidade de Juarez Leitão em eternizar figuras que transformaram a boemia em um símbolo de liberdade e expressão cultural. A obra é um tributo sincero e afetuoso que convida o leitor a redescobrir a cidade de Fortaleza em toda sua poesia e sua saudade.

 

A Praça do Ferreira: República da Boemia

 

No livro “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão nos convida a mergulhar numa Fortaleza imortalizada pela efervescência cultural e pelo espírito boêmio, especialmente representada pela icônica Praça do Ferreira. Conhecida como o coração pulsante da vida social de Fortaleza, na primeira metade do século XX, a Praça do Ferreira ganha nas páginas de Juarez um protagonismo que vai além de sua materialidade urbana. Ela é, antes de tudo, um símbolo da Fortaleza boêmia e cultural, onde o presente e o passado convivem, construindo um legado de memória afetiva para os fortalezenses.

A Praça do Ferreira, retratada por Juarez Leitão, não é apenas um local físico, mas uma personificação da vida social e cultural da cidade. Ali, a elite intelectual, composta por escritores, poetas e jornalistas, encontrava-se para trocar ideias e fomentar movimentos que ressoariam na história cultural do Ceará. Juarez descreve o fervor das discussões literárias e políticas que se entrelaçavam entre o burburinho dos cafés e bares, onde a população se reunia para debater e sonhar. Esse ponto de convergência permitia o encontro de diferentes segmentos da sociedade, tornando-se um espaço democrático, vivo e plural.

Ao mergulhar na alma boêmia da cidade, Juarez nos oferece um panorama nostálgico e envolvente. A boemia que se desenvolveu ali não era apenas uma prática de entretenimento, mas um verdadeiro modo de vida, uma celebração diária da arte, da música e da literatura. Os bares e cafés ao redor da Praça do Ferreira eram verdadeiras trincheiras culturais, onde poetas e artistas buscavam inspiração e abrigo. Fortaleza, então, pulsava ao ritmo das conversas e dos encontros descompromissados, que se estendiam noite adentro e selavam laços de amizade e respeito mútuo.

Juarez também destaca o valor imaterial da Praça do Ferreira, abordando-a como um espaço público de valor simbólico para a cidade. As esquinas e os bancos, testemunhas silenciosas de encontros históricos e casuais, representam um patrimônio afetivo que ultrapassa o valor histórico e urbano. Juarez constrói essa memória da Praça do Ferreira com um cuidado quase arqueológico, revelando as camadas de tempo e tradição que, até hoje, preservam o espírito boêmio e livre da cidade.

Com sua prosa envolvente, Juarez enaltece o papel dos intelectuais e artistas que contribuíram para a construção da identidade cultural de Fortaleza. Ali, na Praça do Ferreira, coexistiam políticos, operários, escritores e vendedores ambulantes, num convívio quase sagrado. Esse mosaico humano era parte fundamental da atmosfera da praça, e Juarez não poupa detalhes ao descrever o caráter inclusivo e dinâmico desse cenário social, em que cada personagem tinha sua importância na colcha de retalhos da cidade.

A comparação da Praça do Ferreira com a Ágora grega, feita por Juarez, lança uma perspectiva enriquecedora sobre sua função como um ponto de encontro, onde, assim como na Grécia Antiga, a cidadania se exercia no diálogo e na convivência pública. A citação de Castro Alves — “a praça é do povo como o céu é do condor” — confirma a intenção do autor em registrar a Praça como um espaço democrático e essencialmente do povo. Ao explorar a história das reformas e transformações físicas da praça, desde o esforço inicial de Antônio Rodrigues Ferreira até as intervenções urbanísticas do século XX, o autor insere o leitor num espaço vivo e em constante renovação, onde os elementos físicos e simbólicos coexistem em harmonia.

Juarez pontua sua narrativa com elementos folclóricos que sublinham o espírito livre e criativo da Praça. O famoso “Cajueiro Botador”, por exemplo, serve de cenário para o excêntrico “Concurso de Mentiras”, no Dia da Mentira, uma celebração do humor e da tradição oral. Ao descrever eventos como esse, o autor revela a Praça como o refúgio das expressões populares e das práticas culturais informais, sublinhando o caráter alegre e irreverente do povo de Fortaleza.

O livro também dedica um espaço considerável ao papel dos cafés e bares que historicamente marcaram a boemia intelectual da Praça. Juarez, ao falar do Café Java, do Café Riche e do Bar Majestic, nos oferece uma visão do ambiente onde a vida cultural se gestava e onde o movimento literário da Padaria Espiritual, com sua ousadia e inovação, floresceu. Ao descrever figuras como o garçom seo João do Majestic, o autor preserva a memória dos pequenos personagens, que tanto quanto os grandes nomes, ajudam a construir a identidade da Praça do Ferreira.

A presença de Leonardo Mota, o “Leota”, folclorista e figura mítica, ilustra o espírito da boemia da Praça. Leota, com seu humor inusitado e suas histórias sobre o sertão cearense, representa o elo entre a sabedoria popular e a expressão erudita da cultura nordestina. Suas andanças e aventuras etílicas, como o episódio do “cartório bebido”, ampliam a visão que Juarez deseja imprimir na narrativa, onde a boemia e o humor são meios para resistir e perseverar.

A Praça do Ferreira também é cenário de disputas políticas e debates fervorosos, sendo palco para a expressão popular em períodos marcantes, como o de contestação à oligarquia de Nogueira Acioli e a ascensão de Franco Rabelo. Juarez acerta ao detalhar a tradição do “Dedo do Povo” e os chamados “bancos-parlamento”, onde figuras ilustres e populares discutiam os acontecimentos locais, nacionais e até mesmo literários. Com o “Banco da Opinião Pública” e o “Banco da Democracia”, Juarez enfatiza a Praça como fórum de vozes plurais, onde todos tinham vez.

Personagens folclóricos como Zé Levi e Mário Gomes ajudam Juarez a dar um toque final de realismo poético à narrativa. Zé Levi, com seus discursos exaltados e desconexos, reflete a veia humorística e crítica do povo, enquanto Mário Gomes, o poeta que ocupava um banco como “escritório”, encarna a figura do boêmio pós-moderno, que vive a arte de maneira livre e irreverente. Juarez acerta em dar a esses personagens tanto espaço quanto àqueles historicamente célebres. 

O retrato de Bodinho e Zé Limeira finaliza com uma pitada de rivalidade amistosa, trazendo a Praça ao cotidiano, com um jornaleiro e um engraxate que dividem mais que o espaço físico: compartilham um laço emocional que ressoa entre os frequentadores e cria uma atmosfera de união e afeto.

Juarez Leitão, em seu livro, apresenta uma crônica vibrante e rica da Praça do Ferreira, exaltando-a como símbolo histórico, político e cultural da vida em Fortaleza. Sua linguagem detalhada e sua afeição pela cidade fazem do texto uma verdadeira homenagem. “Sábado, Estação de Viver” é um convite ao leitor para testemunhar essa celebração da cultura fortalezense, onde a vida é exaltada em todos os seus aspectos e onde se reflete o coração boêmio, vivo e ininterrupto da cidade.

Com “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão não apenas documenta a vida boêmia da Fortaleza de outrora; ele cria uma crônica viva, que recupera a Fortaleza dos anos dourados e a entrega às gerações futuras como uma herança imaterial. A Praça do Ferreira é mais do que uma memória; é um convite à cidade para reconhecer-se em seu passado e celebrar sua diversidade e riqueza cultural.

 

As “Razões da Carne” e a História da Sexualidade

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão oferece um retrato detalhado e quase visceral da vida social e cultural de Fortaleza, abordando temas que ressoam pela história da cidade e dialogam com as nuances do cearense. O autor nos conduz por um caminho que passa pelas “razões da carne”, observando como os costumes evoluíram, como a sexualidade foi vivida, reprimida e celebrada ao longo do tempo, desde as tradições mais arcaicas até os acontecimentos do século XX. Essa perspectiva histórica é enriquecida por paralelos com outras culturas e épocas, oferecendo ao leitor uma visão ampla e bem fundamentada.

Juarez Leitão destaca a efervescência dos anos dourados da boemia cearense, quando as “pensões alegres” atraíam não apenas os locais, mas também visitantes, curiosos e admiradores da vida noturna de Fortaleza. Essas casas, mais do que pontos de encontros furtivos, tornaram-se centros de interação social, onde se cruzavam figuras influentes, artistas, literatos e boêmios, marcando uma era de certa permissividade que contradizia os valores ostensivos da moral da época. Juarez, contudo, não se limita a um retrato superficial desses locais e personagens; ele investiga o que essas transgressões representaram, compreendendo-as como manifestações de uma necessidade de romper com as convenções e descobrir-se através das experiências.

Essa análise, embora centrada na cidade de Fortaleza, tem amplitude universal: Juarez questiona como o comportamento sexual de uma sociedade reflete as suas próprias normas, como essas normas evoluem e, mais importante, como cada geração redefine suas fronteiras e limites morais. Em sua narrativa, ele constrói uma reflexão que vai além da simples observação dos costumes; ele propõe um entendimento de como a sexualidade e os relacionamentos interpessoais interferem na construção de uma cultura e na própria identidade coletiva.

Juarez desenvolve uma crítica sutil à hipocrisia social, que, em várias épocas, celebrava a ostentação moral enquanto mantinha vivo o fascínio pelo proibido. Ele demonstra como, apesar das restrições, esses espaços de liberdade, como as “pensões alegres”, existiam quase como válvulas de escape numa sociedade profundamente marcada pela rigidez, permitindo que o reprimido pudesse ser, ao menos temporariamente, vivenciado e celebrado. Esses locais, ao mesmo tempo em que eram tidos como marginais, tornaram-se, paradoxalmente, centros de uma expressão autêntica e rica da vida urbana.

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão evidencia como a sexualidade se entrelaça com as convenções sociais e como as transgressões se tornam, na prática, uma forma de libertação e de autoconhecimento. Ele traça, assim, uma linha narrativa que capta a essência da cidade e da vida em sociedade, celebrando a complexidade das relações humanas e questionando os moldes impostos pela história e pela moralidade. É uma leitura que oferece uma janela para os bastidores das vivências urbanas de Fortaleza e nos lembra que, mesmo onde se escondem os segredos e os interditos, pulsa uma força vital que define e redefine a sociedade.

 

O Mosaico de Personagens

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão realiza uma celebração literária dos amigos e dos encontros que, por décadas, pontuaram seus sábados na Fortaleza de outrora. Com uma linguagem envolvente e afetuosa, o autor compõe um verdadeiro mosaico de personagens que refletem a riqueza cultural e humana da cidade. A obra, que mistura memórias pessoais com a narrativa histórica, oferece ao leitor um retrato íntimo e ao mesmo tempo universal sobre a importância dos laços de amizade e da convivência em torno de afinidades culturais e emocionais.

Cada personagem apresentado por Juarez é um fragmento de Fortaleza, e todos juntos constroem um elenco de personalidades que abarcam uma vasta gama de expressões culturais. Cada um, com seu temperamento e traços distintivos, emerge com a clareza e a vida que só o olhar de alguém que conviveu intensamente com eles pode captar. Juarez não apenas narra os encontros e desencontros desses sábados, mas captura a essência de cada figura em retratos cheios de afeto, respeito e humor.

O irreverente Mincharia, com seu espírito livre e humor transgressor, aparece como o contraponto à erudição de Gil Vicente, cuja presença serena e discurso culto evoca uma Fortaleza intelectual, onde a busca pelo saber era alicerce das amizades. José Maria Bomfim ocupa outro ponto do mosaico, trazendo a simplicidade e a generosidade com que cada um era capaz de se doar. Em outro lado, o poeta Mário Gomes e o pintor Chico da Silva representam a fusão de diferentes formas de arte: palavra e imagem, cada qual com suas próprias cores e ritmos.

A habilidade de Juarez em transitar entre as qualidades e idiossincrasias desses personagens — alguns dos quais, como José Alcides Pinto, também são figuras públicas de renome — oferece ao leitor uma visão diversificada e poética desses sábados. Juarez não pretende impor uma ordem ou hierarquia, mas apresenta as histórias com leveza e naturalidade, como se cada personagem estivesse tomando seu lugar na mesa de um bar ou de um café. A narrativa é impregnada de saudade, mas também de uma presença tão viva que parece colocar o leitor ao lado desses personagens.

O que diferencia “Sábado, Estação de Viver” de uma simples coletânea de perfis é a afetividade que atravessa cada linha. Juarez escreve com o cuidado de quem não apenas conhece, mas valoriza e respeita as pessoas de que fala. Seu humor, sutil e afetuoso, cruza as descrições, conferindo uma dimensão que impede qualquer traço de idealização. Em vez disso, cada personagem, por mais icônico que possa parecer, é retratado como um ser humano real, com defeitos e qualidades, com alegrias e tristezas.

A obra também se torna uma carta de amor à Fortaleza de décadas passadas, cidade onde esses encontros se davam e onde se cultivavam as sementes da cultura e da intelectualidade. A Fortaleza descrita por Juarez é uma cidade de encontros casuais, de bares e cafés onde o tempo parecia parar nas tardes de sábado. Essa cidade, agora já distante, é, na obra, uma estação de viver: um ponto onde os trilhos da amizade e da vida se encontram antes de seguir por caminhos diversos.

“Sábado, Estação de Viver” é uma celebração da cidade de Fortaleza. Juarez faz de seus amigos um microcosmo das relações humanas. A diversidade entre eles — desde a seriedade filosófica de uns até o amor pela música de outros, como Lúcio Alcântara — revela o valor da convivência plural, onde as diferenças culturais e intelectuais se convertem em pontes, e não em barreiras.

Juarez Leitão constrói, com cada lembrança e cada perfil, uma narrativa que é, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma reflexão sobre a efemeridade das nossas experiências e sobre o legado que as amizades deixam. “Sábado, Estação de Viver” é uma estação onde o leitor desembarca para um encontro breve, mas profundo, com figuras que representam o que há de mais rico e inestimável na vida: os vínculos humanos.

 

Entre Poesia e História: Leituras e Referências Literárias

 

A obra “Sábado, Estação de Viver”, de Juarez Leitão, possui uma narrativa marcada pela intersecção entre o lírico e o cotidiano, mesclando poesia e história de maneira a tecer uma trama rica em memórias, referências literárias e sentimentos humanos. A prosa de Juarez é, de fato, uma estação que acolhe múltiplas paradas emocionais e literárias, onde o leitor encontra as lembranças, amizades e reflexões do autor, desvelando uma visão poética da passagem do tempo.

Um dos traços que mais sobressaem na narrativa de Juarez Leitão é a intertextualidade, que não apenas enriquece, mas também estrutura seu texto. As referências a poetas como Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Thiago de Mello são incorporadas de modo a criar camadas de significados que se sobrepõem e dialogam entre si. Essa escolha faz com que a narrativa se transforme numa rede de vozes, onde Juarez potencializa suas próprias reflexões.

Essa intertextualidade funciona como um diálogo contínuo com a tradição poética, reforçando o lirismo presente nas descrições e na construção dos personagens. Juarez utiliza versos e trechos de poemas, integrando-os à narrativa de forma natural, e com isso a leitura se torna uma experiência fluida, próxima da musicalidade. O texto alterna entre o fluxo poético e a prosa, aproximando o leitor de uma dimensão quase onírica da memória e da reflexão.

A amizade é um dos elementos centrais em “Sábado, Estação de Viver”, aparecendo como uma força capaz de moldar a identidade do indivíduo e sua percepção do mundo. Ao evocar poetas como Drummond e Vinicius, que exploraram intensamente os temas do afeto e do companheirismo, Juarez cria paralelos entre a poesia e as relações interpessoais. A amizade é tratada não como um simples vínculo social, mas como um sentimento, que ultrapassa as barreiras do tempo e ressurge na memória de maneira lírica e carregada de nostalgia.

A memória, por sua vez, é outro eixo fundamental da obra. Juarez se debruça sobre o tempo e o passado como elementos que compõem o presente, sugerindo que nossas lembranças são tão vivas e significativas quanto as experiências atuais. Esse enfoque faz com que o livro se torne um tributo à história pessoal e coletiva, onde os poemas e os fragmentos de crônicas parecem ser testemunhas das suas vivências. Em meio a essa evocação do passado, Juarez consegue transmitir ao leitor uma sensação de continuidade, uma linha tênue que liga o “ontem” ao “hoje”.

O estilo de Juarez Leitão em “Sábado, Estação de Viver” é caracterizado pela musicalidade que atravessa tanto a escolha vocabular quanto a estrutura da narrativa. As intertextualidades poéticas ajudam a construir uma experiência de leitura que se aproxima da melodia, e Juarez explora essa musicalidade não só para embelezar o texto, mas também para provocar reflexões sobre o cotidiano. A prosa do autor é conduzida por ritmos que rememoram a cadência de um poema, tornando a narrativa um espaço de reflexão e contemplação que envolve o leitor por meio de sua sonoridade.

A harmonia entre poesia e prosa, construída com base nas referências literárias e no uso criterioso das palavras, permite que o leitor experimente uma espécie de dança rítmica entre as linhas, onde o tempo parece fluir de forma mais leve e compassada. Esse aspecto é também uma homenagem à tradição literária cearense, que encontra na musicalidade um de seus alicerces estéticos e culturais.

“Sábado, Estação de Viver” é uma obra que questiona o tempo de forma filosófica e poética. Ao longo da narrativa, Juarez constrói uma reflexão sobre a fugacidade da vida e a persistência das memórias, oferecendo ao leitor uma visão da existência que resiste ao esquecimento. Os versos escolhidos para acompanhar a prosa são como ancoradouros no fluxo da memória, lembrando-nos de que a passagem do tempo, embora inevitável, pode ser enfrentada com a serenidade que a poesia proporciona.

Essa perspectiva sobre o tempo, enriquecida pelas referências literárias, faz com que o livro de Juarez Leitão se situe numa posição de diálogo com a própria temporalidade da literatura. Assim como os poetas que ele homenageia, Juarez nos mostra que o valor da vida está em suas pequenas eternidades, nos instantes capturados pela palavra. Em “Sábado, Estação de Viver”, poesia e história tornam-se uma só, numa celebração do viver, onde a prosa encontra na poesia o seu complemento ideal.

“Sábado, Estação de Viver” é mais do que uma narrativa autobiográfica ou poética: é um convite a revisitar a própria vida por meio da poesia e das histórias compartilhadas, numa estação de encontros, memórias e afetos que se perpetuam na palavra. Juarez Leitão, ao costurar essas influências e referências literárias, oferece ao leitor uma jornada sensível e introspectiva, onde a amizade, a memória e o tempo se entrelaçam no tecido literário e histórico de Fortaleza.

 

O Valor da Amizade em Tempos Modernos

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão traz à luz a importância da amizade como elemento fundamental da vida social de Fortaleza, explorando seu papel de conexão no mundo cada vez mais individualista. A obra apresenta uma série de crônicas que destacam o encontro semanal de um grupo de amigos, que, para além de ser uma prática recreativa, é um ato de resistência coletiva contra a alienação moderna.

Juarez cria um cenário onde esses encontros são vividos como ritual, uma tradição que passa de geração em geração, firmando-se como espaço de pertencimento e de afirmação identitária. Esse espaço, ao mesmo tempo físico e simbólico, serve como testemunha das mudanças sociais e individuais, mostrando como a amizade consegue abarcar tanto a continuidade quanto as transformações que a vida impõe.

A força da amizade é exaltada na obra como um laço que transcende o tempo e o espaço, sendo capaz de unir as pessoas em um ponto onde as pressões externas, como o ritmo apressado e superficial da vida moderna, não podem chegar. A convivência semanal do grupo surge como um refúgio que desafia o tempo, revelando a cumplicidade construída ao longo das décadas de histórias compartilhadas.

Juarez defende a amizade como uma tradição que exige cuidado e cultivo. Ao retratar o valor desses encontros, o autor nos convida a refletir sobre o quanto nos deixamos envolver pelo cotidiano acelerado, esquecendo os vínculos que nos sustentam e que nos definem enquanto pessoas e sociedade. Em “Sábado, Estação de Viver”, o autor celebra a amizade não apenas como uma companhia agradável, mas como um elo essencial para a construção de uma vida com propósito e coesão, uma “estação de viver”.

 

Fortaleza, Uma Cidade Cantada em Histórias

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão revela uma Fortaleza que transcende as fronteiras de espaço e tempo, apresentando-a como um lugar onde histórias se entrelaçam para formar um mosaico cultural e afetivo. Fortaleza não é apenas cenário; é protagonista, pulsando em cada página com o vigor de seus personagens, ambientes e tradições. Juarez Leitão, em seu papel de cronista, resgata e perpetua a memória coletiva de uma cidade cujas histórias, muitas vezes ocultas, são trazidas à tona e iluminadas pelo seu olhar atento e afetuoso.

Juarez adota uma linguagem envolvente e acessível, que faz com que o leitor se sinta inserido nos espaços que descreve. Suas narrativas são, ao mesmo tempo, uma homenagem e um apelo à preservação das nuances culturais da cidade, como se a memória de Fortaleza dependesse dessa salvaguarda literária. Sua Fortaleza é um palco onde se desenrolam cenas do cotidiano — bares boêmios, praças, ruas de comércio, cada elemento é um fragmento de vida que Juarez eterniza em suas palavras.

Juarez assume o papel de guardião da memória e identidade cultural de Fortaleza, e esse compromisso com a cidade reflete-se na forma como ele humaniza cada espaço. “Sábado, Estação de Viver” traz uma Fortaleza vivida e vibrante, na qual o tempo parece fluir com um ritmo próprio. Ao descrever esses lugares com um tom de intimidade, Juarez preserva e eleva a relevância cultural de cada ponto descrito, fazendo com que o leitor, fortalezense ou não, desenvolva uma relação afetiva com a cidade.

Fortaleza é, para Juarez, um microcosmo de convivências onde afetos e conflitos se encontram e se fundem. Em “Sábado, Estação de Viver”, a cidade é um espaço dinâmico, onde histórias de amor, amizade e rivalidade se entrelaçam e convivem. Juarez explora essas relações com uma sensibilidade que nos aproxima das figuras que compõem seu imaginário urbano. Seus personagens são pessoas que refletem o espírito boêmio e vibrante de uma cidade em constante transformação.

Há uma poesia latente na maneira como Juarez Leitão narra o cotidiano de Fortaleza. Ele transforma pequenos episódios e figuras anônimas em elementos essenciais de sua crônica. Lugares que poderiam passar despercebidos para outros olhares, em suas palavras ganham importância, como se estivessem destinados a ser lembrados. Juarez traz a público uma Fortaleza poética, um lugar onde cada história de esquina e cada praça abriga uma lição sobre a vida e os sentimentos.

Uma das grandes contribuições de “Sábado, Estação de Viver” é a sua capacidade de registrar, com afeto e minúcia, a identidade cultural boêmia de Fortaleza. Ao documentar a cidade sob o olhar de quem conhece suas camadas mais íntimas, Juarez evidencia a importância da preservação da memória e da cultura local. Sua obra é uma chamada à consciência de que, para que uma cidade mantenha sua alma, é preciso recordar e honrar os lugares e pessoas que lhe deram forma e cor.

Para o leitor, “Sábado, Estação de Viver” é um convite a olhar Fortaleza sob um ângulo de descoberta e contemplação. A obra tem a capacidade de criar uma conexão entre quem lê e os cenários descritos, proporcionando uma experiência quase sensorial, como se cada local, cada sábado de histórias e encontros descrito por Juarez, ganhasse vida própria. Dessa forma, Juarez Leitão não apenas narra Fortaleza; ele convida o leitor a ser parte de sua memória viva, de sua estação de viver.

Fortaleza, uma cidade cantada em histórias é o que Juarez Leitão nos entrega com “Sábado, Estação de Viver”. Com olhos de cronista e coração de poeta, ele transforma a cidade numa celebração da memória e da história coletiva. Sua obra é, acima de tudo, um manifesto poético sobre a necessidade de valorizar o passado para compreender o presente e projetar o futuro. Fortaleza, em suas páginas, é mais do que um conjunto de ruas e construções; é um espaço de vivência, afetos e memória que permanece vivo em cada linha do autor.

 

Um Retrato Afetivo da Boemia Cearense

 

Juarez Leitão, em “Sábado, Estação de Viver”, entrega mais do que uma crônica: ele pinta um painel vivo da Fortaleza boêmia, explorando a história e a cultura que vibram em cada encontro e esquina da cidade. Neste ensaio literário, a obra vai além da crônica social, propondo-se como uma homenagem à cidade e ao seu povo, com uma sensibilidade que mistura o afetivo ao crítico, alcançando um tom ao mesmo tempo nostálgico e contemporâneo.

Desde a primeira página, Juarez convida o leitor a embarcar na atmosfera envolvente dos espaços que, em outros tempos, foram palcos das noites cearenses. Ele resgata a vida social vibrante, celebrando os espaços onde a boemia fortalezense se consolidou e que, para ele, são verdadeiras “estações de viver”. Estes ambientes, descritos com uma leveza nostálgica, ajudam a compor um cenário onde as pessoas se conectam pelo prazer do convívio e pelo amor à cidade.

Juarez se torna, por meio de sua escrita, um cronista e um memorialista da cidade. Sua obra é um tributo a uma Fortaleza que valoriza a coletividade, a hospitalidade e o desejo de confraternização. Em “Sábado, Estação de Viver”, ele constrói uma narrativa que, ao homenagear a cidade, faz reverência também aos personagens mais essenciais que ocupam esses espaços de socialização e contribuem para a identidade da cidade.

O livro é, além de uma celebração, um estudo social de Fortaleza. Juarez se debruça sobre as particularidades do povo cearense, observando e refletindo sobre seus comportamentos, valores e costumes. Através desse olhar crítico, ele revela as idiossincrasias e nuances de uma cidade que, ao longo dos anos, adaptou-se a mudanças sem perder sua essência comunitária. O autor explora ainda a relação de Fortaleza com o tempo e com a memória, questionando as transformações que a modernidade trouxe para a convivência.

A escrita de Juarez Leitão equilibra-se entre o tom afetivo e o olhar crítico, duas facetas que ele entrelaça com habilidade. O afeto pela cidade, suas ruas e seus bares é inegável, mas não cega o autor para os desafios e dilemas enfrentados pela sociedade cearense. Esse equilíbrio permite que a obra vá além do saudosismo, oferecendo um ponto de vista que valoriza tanto o presente quanto o passado, fazendo um convite ao leitor para que também reflita sobre as mudanças e as permanências em sua própria cidade e comunidade.

 “Sábado, Estação de Viver” não se limita a um tempo específico; é uma obra que atravessa gerações. Juarez constrói uma crônica que reflete a memória de uma Fortaleza atemporal, onde cada geração contribui para o mosaico cultural e afetivo da cidade. Ele questiona como o tempo altera os lugares e o que permanece quando o tempo passa, trazendo à tona a importância da memória coletiva para preservar a essência da cidade.

Juarez reforça, com sua narrativa, o valor dos laços sociais e da convivência no mundo cada vez mais individualista. A obra é um convite à celebração da vida comunitária, algo que os personagens de suas crônicas fazem naturalmente, com encontros despretensiosos que ganham uma dimensão afetiva e cultural. “Sábado, Estação de Viver” lembra ao leitor que a convivência, o afeto e a celebração do outro são elementos essenciais para o desenvolvimento humano e social.

A obra de Juarez Leitão pode ser vista como um legado cultural para Fortaleza e para todos aqueles que nela viveram ou ainda vivem. Ao eternizar os momentos vividos em bares, praças e outros espaços coletivos, o autor preserva uma Fortaleza que permanece em espírito, mesmo que os lugares físicos se alterem. É um registro que ficará para as gerações futuras, permitindo-lhes conhecer e refletir sobre a cidade que um dia foi.

Ao descrever os personagens, lugares e encontros com um tom de intimidade, Juarez Leitão também lança um olhar sobre a efemeridade da vida. Ele demonstra, com delicadeza, que a boemia cearense vai além de uma simples prática social: ela é, de fato, uma filosofia de vida que valoriza a intensidade dos momentos. Juarez propõe uma reflexão sobre o valor das memórias, das amizades e daquilo que deixamos para trás, ao longo do caminho.

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez nos leva a pensar sobre a importância de celebrarmos a vida nos pequenos momentos. Suas crônicas refletem a convivência e o prazer dos encontros despretensiosos, que transformam os cenários urbanos em verdadeiros lares para a alma. A obra lembra ao leitor que a vida é feita de encontros, de trocas e que os lugares que habitamos têm tanto impacto em nós quanto deixamos neles.

Juarez, ao terminar sua obra, não só retrata a boemia cearense como também imortaliza a Fortaleza de outrora. “Sábado, Estação de Viver” torna-se, assim, um documento histórico e literário de uma cidade que sabe celebrar a vida. E ao fazer isso, ele nos convida a revisitar nossas próprias memórias, a honrar nossos próprios laços e a redescobrir o prazer das relações humanas.

“Sábado, Estação de Viver” é uma obra que exalta a convivência e nos lembra da importância dos vínculos sociais e da memória coletiva. Juarez Leitão celebra uma Fortaleza que ainda vive em cada leitor, e nos deixa um testemunho da beleza que existe nos laços afetivos e nos encontros da vida.

 

Os Mortos Continuam Vivos

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão nos apresenta “Os Mortos Continuam Vivos”, uma coleção de crônicas memorialísticas que honra aqueles que um dia ocuparam as cadeiras da “mesa de sábado”. Esses personagens, agora ausentes, deixaram suas marcas carregadas de emoção, nostalgia e um misto de saudade e celebração da vida. Juarez e seus amigos conseguem imortalizar histórias de figuras que se destacaram pela relevância social, cultural e humana, permitindo que esses mortos continuem vivos na memória coletiva de seus entes queridos e leitores.

A reflexão sobre a morte, tema recorrente nas crônicas, revela a fragilidade humana diante do inesperado e destaca a incongruência entre o espírito jovial e eterno da boemia e a brevidade da existência. Juarez escreve sobre a inevitabilidade da morte como algo que “se precipita e queima etapas”, quebrando a naturalidade da vida e impondo o luto no grupo unido pela amizade e pelas experiências compartilhadas. Na “mesa de sábado”, onde a juventude parecia inabalável, cada partida adiciona uma camada de perda, deixando um rastro de dor e nostalgia que impulsiona os amigos a expressar, em palavras, as marcas deixadas.

As crônicas individuais que homenageiam membros falecidos pintam um panorama de vidas dedicadas à vocação, ao trabalho e aos ideais de amizade e justiça. Juarez, com a ajuda de outros autores, elabora um mosaico onde cada figura homenageada brilha com um legado singular. As crônicas sobre Newton Gonçalves e José Pontes Neto, por exemplo, elevam a figura do cirurgião e professor a um patamar quase heroico, destacando a dedicação desses médicos à profissão e sua influência na formação de gerações. Fernando Paulino resume a essência desses amigos ao afirmar que, caso tivesse uma segunda chance, voltaria a ser cirurgião: um testemunho da paixão pelo ofício que transcende a própria vida.

Astrolábio Queiroz Filho emerge nas páginas como uma figura de perseverança e vitória, alguém que superou adversidades desde a infância até tornar-se um nome respeitado no rádio cearense. Edilmar Norões, autor de sua crônica, enaltece a humildade e a dedicação de Astrolábio, contrastando a saudade de sua ausência com a alegria de tê-lo conhecido. A narrativa enfatiza que a força de vontade e a superação pessoal de Astrolábio deixaram uma marca indelével, transformando sua lembrança num marco inspirador para todos que o conheceram.

Nas crônicas sobre Newton Teófilo Gonçalves e Alcimor Aguiar Rocha, encontramos a profundidade do humanismo que guiou suas vidas. Gil Vicente Bezerra de Menezes retrata Newton como um humanista, alguém cuja ética profissional e erudição transcendem o campo da medicina, e cujo legado deveria ser eternizado, ainda que a “curta memória dos homens” ameace apagá-lo. Já Alcimor, descrito por João Soares Neto, aparece como um espírito leve, cuja trajetória revela um equilíbrio entre as obrigações profissionais e o prazer da amizade e do convívio social. A lembrança de sua morte num sábado ressoa como uma despedida inesperada, mas que resguarda para os amigos o consolo das memórias partilhadas.

Rogaciano Leite Filho é lembrado não só pelo talento jornalístico, mas pela vida boêmia e a ousadia ao criticar a sociedade. Chico Martins e Alano Freitas descrevem Rogaciano como uma figura complexa, ao mesmo tempo mordaz e generosa. A sua personalidade vibrante e espírito livre permanecem vívidos nas lembranças daqueles que partilharam seus “bons papos” e suas “madrugadas”. A crônica sobre Raul Fontenele, por sua vez, carrega a emoção intensa dos filhos e amigos, que o recordam como o “presidente” da mesa. Em uma “Carta a Deus”, João Soares Neto roga para que Raul seja bem recebido, uma súplica que, em meio à dor, reafirma a profundidade dos laços e o respeito à sua memória.

Em “Os Mortos Continuam Vivos”, os amigos da “mesa de sábado” tecem um testemunho poderoso sobre a amizade e o luto. Através das crônicas, eles nos lembram que, embora a morte seja inevitável, as memórias e o amor que nutrimos pelos amigos transcendem essa fronteira. O texto é um convite à reflexão sobre a brevidade da vida e a importância de valorizar aqueles que nos rodeiam, oferecendo uma perspectiva em que, mesmo após partirem, os mortos permanecem vivos nos corações e nas palavras daqueles que os amaram.

Cada crônica é, em essência, um ato de resistência contra o esquecimento, e através da prosa dos amigos, sentimos que a morte não encerra tudo: ela apenas transforma a presença em saudade, e a saudade, por sua vez, numa chama que continua a iluminar nossos caminhos.

 

Conclusão: O Sábado e Sua Mística na Cultura Cearense

 

Em “Sábado, Estação de Viver”, Juarez Leitão explora o sábado como uma celebração cíclica, na qual o cotidiano de Fortaleza adquire uma camada poética e nostálgica. O autor coloca o sábado em destaque, não como um dia qualquer, mas como um símbolo cultural onde se expressa a identidade cearense. Ao evocar a cidade, seus bares, praças e personagens, Juarez cria uma narrativa que faz do sábado um cenário de escape, onde o encontro entre gerações e classes sociais equaliza diferenças e intensifica laços. A cada linha, o sábado se torna uma estação de convívio e resistência à rotina, um espaço que desafia o tempo e a monotonia, em prol da alegria e da liberdade.

O livro, dividido em nove seções, evidencia o papel do sábado na vida cultural e social de Fortaleza, aprofundando temas como a boemia, a importância dos locais de encontro e a presença de personagens folclóricos. Juarez aborda esses aspectos com um olhar que combina crônica e lirismo, proporcionando uma experiência sensorial que envolve o leitor nas ruas, bares e praças da cidade. A narrativa, marcada por figuras como músicos, artistas, intelectuais e até ícones como o “Bode Ioiô”, destaca-se por sua habilidade em transformar eventos e pessoas comuns em símbolos da tradição cearense.

O sábado, assim, se apresenta como um momento em que o lazer ultrapassa a simples recreação, assumindo o papel de reafirmação cultural e de resistência contra o ritmo modernizado do dia a dia. Juarez utiliza a boemia como uma metáfora para a liberdade e para o valor das relações sociais, propondo o convívio e as interações espontâneas como manifestações da essência cearense. Na “Praça do Ferreira”, conhecida como a “República da Boemia”, ele observa um palco onde as trocas culturais e as convivências cotidianas adquirem um significado profundo, celebrando a herança que resiste ao tempo.

Juarez não apenas narra a história desses encontros, mas desenha o sábado como um elo entre o passado e o presente, convidando o leitor a revisitar a memória afetiva de uma Fortaleza que respira sua própria tradição. Em uma linguagem que flerta com a poesia, ele revisita os recantos da cidade, transformando-os em marcos de identidade e pertença. Em “Sábado, Estação de Viver”, cada encontro de sábado é um rito de afirmação do que é ser cearense, e o autor, em sua visão quase mística desse dia, oferece um panorama sensível da vida urbana, onde a simplicidade se revela grandiosa e o comum se torna belo e sagrado.

Essa exaltação do ordinário como um aspecto da cultura cearense reflete uma Fortaleza mitificada por Juarez, na qual o simples ato de reunir-se assume um papel essencial na construção do espaço social. O sábado emerge como um espaço de liberdade, onde o ritmo acelerado da semana cede lugar ao prazer de conviver e redescobrir a cidade. Os bares e as praças tornam-se templos, e a boemia, um símbolo de comunhão, onde risadas e histórias ecoam como a alma viva da cidade.

Em “Sábado: Estação de Viver”, Juarez Leitão transcende a simples narrativa para se aventurar nas artes plásticas, com pinceladas que traçam contornos vibrantes de uma galeria de personagens memoráveis. Com uma habilidade digna de um retratista sensível, Juarez cria quadros em que cada figura emerge, num instante capturado em tela. Suas obras são detalhadas, quase táteis, permitindo ao leitor enxergar as nuances de rostos, gestos e cenários que representam a beleza da vida cotidiana. Ao emoldurar esses retratos em seu livro, Juarez convida-nos a um espaço expositivo, fazendo de cada personagem uma obra imortalizada. 

“Sábado, Estação de Viver” não é apenas uma crônica sobre o sábado em Fortaleza, mas uma ode ao espírito cearense, onde Juarez imortaliza a tradição e o senso de comunidade que caracterizam o povo e a cultura local. Ao traçar perfis de personagens icônicos e descrever lugares que foram palco de tantas histórias, o autor não só preserva a memória desses espaços e pessoas, mas eleva-os ao estatuto de lenda, renovando a mística do sábado como um encontro sagrado com a identidade, onde o espírito cearense se manifesta em plenitude.

 

Vicente Freitas Liot

 

LEITÃO, Juarez. 𝘚á𝘣𝘢𝘥𝘰, 𝘌𝘴𝘵𝘢çã𝘰 𝘥𝘦 𝘝𝘪𝘷𝘦𝘳. Fortaleza: Editora Premius, 2000.

 

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