Para José Alcides Pinto, assim como para Baudelaire, o artista é um indivíduo superior que a massa dos “salsicheiros” tenta constantemente abafar, esmagar, aniquilar. O seu destino: a solidão e a incompreensão. A única defesa: o desprendimento, o desprezo pela regra comum.
Esse poeta e ficcionista, dos maiores do mundo, deve receber um tratamento todo especial, o mesmo que dispensamos aos Verlaines, Mallarmés, Rimbaud’s e Lautréamont’s. Não que ele tenha nada a ver com esses malucos, mas pelo valor de sua obra, independente deste ou daquele grupo. Na verdade, não podemos filiá-lo a qualquer movimento literário. Ele é muito independente e pessoal em seu processo criativo, assim como o é – um Gerardo Mello Mourão e tantos outros consagrados, mesmo aqui da província.
Poeta, ficcionista, teatrólogo, ensaísta, crítico literário, memorialista, artista plástico, jornalista, José Alcides Pinto nasceu na antiga aldeia do Alto dos Angicos, em São Francisco do Estreito, Ribeira do Acaraú, no Ceará.
Estreou em livro, em 1950 [em parceria com Ciro Colares e Raimundo Araújo] com a Antologia dos Poetas da Nova Geração [prefácio de Álvaro Moreira]. No ano seguinte organiza a Antologia da Moderna Poesia Brasileira [prefácio de Aníbal Machado]. Em 1952, publica seu primeiro livro individual, Noções de Poesia & Arte. Outros se seguiram e ele continua escrevendo até hoje: romance, novela, conto, poesia, teatro, ensaio e crítica literária, sendo considerado um poeta de vanguarda e experimental.
Jornalista profissional, ingressou na imprensa muito jovem. Colaborou nos Suplementos Literários do “Diário Carioca”, “Diário de Notícias”, “Correio da Manhã” e toda a imprensa de Fortaleza. Diplomou-se em jornalismo, pela Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil e em Biblioteconomia, pela Biblioteca Nacional. Foi ainda redator do Ministério da Educação e Cultura, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Ceará, cargos dos quais pediu dispensa para dedicar-se à sua fazenda no interior cearense e elaborar sua obra literária.
Mergulhado no Acaraú, nas águas doces do rio, aos oitenta e lá vai pedra, ele continua escrevendo a biografia desse rio. E sua poesia é como se nascesse do sol, da chuva, da palha da carnaubeira. Da beira da vagina da menina da Ribeira. Isto é muito bonito. Tenho dito.
Vicente Freitas
Nenhum comentário:
Postar um comentário