terça-feira, dezembro 04, 2007
Os poetas inúteis
Vicente Freitas
Um repentista, num desafio matinal
caçoa do meu verso pessimista.
Afinal, ambos refazemos versos
aprendizes ao sol e ao luar.
A canção, na verdade, não se escreve,
– diz ele, – de improviso é que se cria.
Indiferente à luta com palavras,
ponteia a viola, sempre andarilho.
Meu poema desenvolvo com borracha.
Hoje, o delete é minha boa tecla.
Faço, desfaço, refaço, disfarço.
E o poema, através das teclas, chega
na internet, via modem, satélite.
E o repentista, mesmo assim, caçoa.
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