sábado, maio 29, 2010
CULTURA: Cada um mostra o que tem
Ensaio de Lia, em Jericoacoara. Deleite-se: Encerrando a lista de ex-BBBs convocadas para posarem nuas, a polêmica Lia Khey teve a capa de sua edição da Playboy divulgada pelo blog Revista que amamos, especializado no conteúdo da publicação.
A ex-sister estampa a capa de junho e seu lançamento oficial aconteceu, terça-feira, dia 8. Lia foi fotografada em Jericoacoara, no Ceará, pelo fotógrafo Luis Crispino e a capa segue a proposta do ensaio, ao ar livre.
Assim como Cacau e Anamara, Lia também deixou o bumbum à mostra na capa da publicação.É isso aí...cada um mostra o que tem! Eu gostei, e você?
quinta-feira, maio 27, 2010
A VIDA
- E depois que morre – perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?
Monteiro Lobato - trecho de Memórias de Emília.
segunda-feira, maio 24, 2010
O Menestrel
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.
William Shakespeare
sábado, maio 08, 2010
Insônias, delírios, pesadelos
quinta-feira, maio 06, 2010
Poemas para as Mães
Textos disponíveis em http://vicentefreitas.blogspot.com
quarta-feira, maio 05, 2010
Cego Aderaldo
Versos cantados ao som da viola
O filho do alfaiate,
Seu brinquedo – é com retalho;
O filho do jogador
Gosta muito é do baralho,
E o filho do preguiçoso
Só dorme bem no borralho.
O filho do homem praiano
Comendo vício é de areia;
O filho da costureira,
Sua roupa é muito feia
Porque é feita de taco
Que sobrou da roupa alheia.
O filho do carreteiro
Brinca com caixão e saca;
O filho do feiticeiro
Só fala em urucubaca,
E o filho do vaqueiro,
Junta ossinho, chama vaca.
O filho do ferreiro,
Seu brinquedo é uma faca;
O filho do pescador
Aprende a fazer tarrafa
E o filho do cachaceiro
Nasce lambendo a garrafa.
O mundo diz uma coisa
Eu acho que ele diz bem,
Porque o vício do pai
Este mesmo o filho tem.
Se o pai é mau pagador
O filho não paga a ninguém.
Se o velho bebe cachaça,
O filho bebe é branquinha;
Para não ficar ardosa
Bota mel, faz meladinha,
Sai com as pernas trançando
Como quem trança bainha.
Quando o velho bebe muito,
O filho inda bebe mais;
Beber cana e tirar gosto
É hoje o que o povo faz.
O bêbado só veste as calças
Com a braguilha pra trás.
A minha casinha
Eu moro em uma cabana,
Numa pequena choupana
Coberta de jitirana,
Cheia de flor sem botão...
É ali onde existe,
Onde mora um cego triste
Com mágoas no coração...
A casinha é de biqueira,
Em baixo, ao pé da soleira,
Tem um pé de trepadeira
Com os galhos ao abandono...
Quero sorrir, porém choro,
A casinha onde eu moro
Parece que não tem dono.
E lá fora no terreiro
Tinha um pé de juazeiro
Que nunca foi altaneiro,
Deram-lhe um golpe, pendeu...
Sem fruta, sem flor existe,
Desfolhado, vive triste...
Todos cantam sua glória,
Amor, riso e vitória,
Eu apenas canto a história
Do que há pouco se passou:
Tudo quanto eu possuía,
Em agosto, um certo dia,
A casinha se queimou...
Esta pequena casinha
Que eu chamava toda minha
Era a morada que tinha,
Pedia a Deus, no meu rogo,
Para ela ser feliz,
Mas como Jesus não quis,
A casinha pegou fogo...
Versos à Natureza
Por exemplo: plantamos uma semente
Numa terra limpa e bem queimada:
Ela nasce linda e zelada
Por ação desta terra úmida e quente.
Vai crescendo e ficando resistente
E tomando um aspecto de beleza.
Muito embora que árvore nasça presa
Entre negros rochedos absolutos,
Ela cria verdor, flores e frutos
Por impulso da mão da natureza.
Por exemplo: vemos um aruá
Com um búzio que é sua moradia,
E um par de antenas que lhe guia
E lhe indica o lugar aonde está.
E o inseto chamado embuá,
Muitas pernas moventes com destreza,
Perdeu uma, faltou-lhe a ligeireza
E começa a andar desaprumado,
Isto tudo nos deixa admirado
Do impulso da mão da natureza.
Por exemplo: nós vemos uma palmeira,
Suas palmas em forma de penacho.
A fenda por onde passa o cacho,
Não se encontra caçando a vida inteira,
Também vemos um pé de bananeira,
Que dá frutos que enfeita a nossa mesa,
Tem sabor, tem perfume, tem beleza
E vitamina que faz nossa saúde.
Tudo isso nos faz crer na virtude
Do impulso da mão da natureza.
A lagarta tem forma de serpente
Quando vai viajando numa estrada,
Mas, depois de metamorfoseada,
Ela toma uma vida diferente:
Cria asas de cor bem transparente,
Verdadeiro vislumbre de beleza.
Nem ciência, nem arte, nem riqueza
Poderia pintar beleza igual.
Isto é lei do Juiz Universal
E é impulso da mão da natureza.
Agradecimento a Juscelino
Agradeço a JK,
Presidente da Nação,
Que antes de ir pra Brasília
Assinou minha pensão,
Afirmo que ele tirou
Um cego da precisão.
Ele, a 21 de abril,
Cumpriu o seu ideal:
Inaugurando Brasília,
Cidade sem ter rival,
E que será, para sempre
A capital Federal.
Só tu, bonita Brasília,
Vieste para empolgar
Este bonito planalto,
O sonho de JK,
Foi Juscelino quem fez
Todo o Brasil acordar!
O Brasil, há muitos anos,
Vivia em pesado sono,
Mas, agora despertou,
Tendo JK por dono,
O poder desta nação
Continua em novo trono.
Já estamos antevendo
Do Brasil o bom destino;
Novos governos virão
Cheios de fé e bom tino:
Outro talvez continue
A obra de Juscelino.
Envio à sua família
(Que para mim é sagrada)
As mil felicitações
De minh’alma consolada,
Para que Deus ilumine
O Palácio da Alvorada!
A Minha Mãe
Hoje é dia das mães... Quanta saudade
Dos beijos e carinhos dos meus pais.
Dos lindos tempos da primeira idade
Que já se foram pra não voltar mais...
Minha mãe! Minha mãe! Nunca se acalma
A dor imensa do meu coração:
Eu tenho um Saara de saudade n’alma
Daqueles tempos que bem longe vão...
Tempos que falam de uma vista linda
Sobre os campos imensos e a floresta.
Onde o sorriso duma infância brinda
Todo o fulgor da passarada em festa!
Este dia das mães, como outros dias
Santos e puros, cheios de afeição,
Abriga o bem de todas as Marias
Cantando rimas para um coração...
Mas minha mãe partiu... Meus dezoito anos
Trouxeram-me a cegueira... Foi-se a palma...
Desde então eu a vejo entre meus planos
Mas somente com os olhos de minha’alma!
Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo, nasceu no dia 24 de junho de 1878 na cidade do Crato — CE. Logo após seu nascimento mudou-se para Quixadá, no mesmo estado. Aos cinco anos começou a trabalhar, pois seu pai adoeceu e não conseguia sustentar a família. Tomou conta dos pais sozinho. Quinze dias depois que seu pai morreu (25 de março de 1896), quando tinha 18 anos e trabalhava como maquinista na Estrada de Ferro de Baturité, sua visão se foi depois de uma forte dor nos olhos. Pobre, cego e com poucos a quem recorrer, teve um sonho em verso certa vez, ocasião em que descobriu seu dom para cantar e improvisar. Ganhou uma viola a qual aprendeu a tocar. Mais tarde começou a tocar rabeca. Algum tempo depois, quando tudo parecia estar voltando à estabilidade, sua mãe morre. Sozinho começou a andar pelo sertão cantando e recebendo por isso. Percorreu todo o Ceará, partes do Piauí e Pernambuco. Com o tempo sua fama foi aumentando. Em 1914 se deu a famosa peleja com Zé Pretinho (maior cantador do Piauí). Depois disso voltou para Quixadá mas, com a seca de 1915, resolveu tentar a vida no Pará. Voltou para Quixadá por volta de 1920 e só saiu dali em 1923, quando resolveu conhecer o Padre Cícero. Rumou para Juazeiro onde o próprio Padre Cícero veio receber o trovador que já tinha fama. Algum tempo depois foi a vez de cantar para Lampião, que satisfez seu pedido — feito em versos — de ter um revólver do cangaceiro.
Tentando mudar o estilo de vida de cantador, em 1931, comprou um gramofone e alguns discos que usava para divertir o povo do sertão apresentando aquilo que ainda era novidade mesmo na capital. Conseguiu o que queria, mas o povo ainda o queria escutar. Logo depois, em 1933, teve a idéia de apresentar vídeos. Que também deu certo, mas não o realizava tanto. Resolveu se estabelecer em Fortaleza em 1942, onde veio a abrir uma bodega na Rua da Bomba, No. 2. Infelizmente o seu traquejo de trovador não servia para o comércio e depois de algum tempo fechou a bodega com um prejuízo considerável.
Desde 1945, então com 67 anos, Cego Aderaldo parou de aceitar desafios. Mas também, já tinha rodado o sertão inúmeras vezes, conseguira ser reconhecido em todo lugar, cantara pra muitas pessoas, inclusive muitas importantes, tivera pelejas com os maiores cantadores. E, na medida em que a serenidade, que só o tempo trás ao homem, começou a dificultar as disputas de peleja, ele resolveu passar a cantar apenas para entreter a alma. Cego Aderaldo nunca se casou e diz nunca ter tido vontade, mas costumava ter uma vida de chefe de família pois criou 24 meninos.
Textos extraídos do livro "Eu sou o Cego Aderaldo", prefácio de Rachel de Queiroz, Maltese Editora — São Paulo, 1994.
Textos disponíveis em http://www.vicentefreitas.blogspot.com