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quinta-feira, maio 06, 2010
Poemas para as Mães
Para Sempre
Carlos Drummond de Andrade
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
A Minha Mãe
Pe. Antônio Thomaz
Quer viva alegre, quer me punjam dores,
Jamais esqueço a minha Mãe querida,
Pois trago dentro em mim como esculpida
A imagem dela ornada de fulgores.
E de contínuo em místicos ardores
Se eleva aos céus minha alma enternecida,
Pedindo a Deus que lhe prolongue a vida
E lhe conceda sempre os seus favores.
E quando eu vou rezar à Virgem pura,
Sucede que o seu nome se mistura
Às minhas preces com frequência tanta...
Que eu temo, às vezes, não se manifeste
Enciumada a minha Mãe celeste
Do grande amor que eu tenho àquela Santa.
Augúrio do Céu
Nicodemos Araújo
Minha mãe, minha mãe, quando te vejo
Locomover-se, a custo, pelo chão,
Com mais ternura e mais amor te beijo,
Sentindo, embora, opresso o coração.
Bem conheces, mamãe, que meu desejo,
Minha alegria, minha aspiração,
Era ver-te de pé, no benfazejo
Trabalho a que todas as mães se dão.
Mas, o destino assim nos tem negado.
E em minha fé, me sinto conformado,
Esperando que aos meus ouvidos soe,
Por muitos anos, longo tempo ainda,
A voz amiga de teus lábios vinda,
Neste augúrio do céu: – Deus te abençoe.
Dia das Mães
Nicodemos Araujo
Hoje é o dia das Mães! Em coro de harmonia,
Cantam vozes filiais, saudando alegremente
A rainha querida e excelsa deste dia,
Que reina, pelo amor, no coração da gente.
Mãe, tu tens o condão de em dúlcida alegria
Converter nosso pranto. O teu afeto ardente,
E puro, e generoso, e bom nos propicia
A ventura da paz bendita e permanente.
Anjo feito mulher, que o amargor adoça,
Todo nosso pesar, toda alegria nossa
Reflete o teu olhar benévolo e profundo.
És seguro fanal da nossa vida errante;
–Sentinela de amor bondosa e vigilante
Destinada por Deus, para guardar o mundo.
Não vejo mais minha Mãe
Nicodemos Araujo
Ai! Já não vejo aqui a minha mãe querida,
Ao balanço da rede orlada de varanda,
Apoiando nas mãos a fronte veneranda;
Vergada pelo mal que lhe roubou a vida.
Não a vejo porque, na sua infausta lida,
Levou-a, para sempre, a morte atra e nefanda,
Deixando a dor, o pranto e esta saudade que anda
A encher meu coração e minha alma ferida.
Ó! Deus, na imensidão do vosso amor paterno,
Fazei que minha mãe, no Reino sempiterno,
Tenha o lugar que aos bons e aos justos reservais.
Vosso perdão, Senhor, para a santa criatura
Que pôs clarões de sol na minha vida escura:
– Minha mãe que, na terra, eu não verei jamais.
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