sábado, dezembro 25, 2010

UM AMOR ALUCINADO: Lou Salomé e Rilke


Carta De Rilke a Lou:

Munique, 8 de junho de 1897 Terça- feira

As flores dos campos que trouxe há uma semana de uma manhã maravilhosa há muito estão deitadas entre as grandes folhas de um terno mata-borrão; mas nesta hora em que as contemplo, sorriem-me como uma recordação cheia de graça esforçando-se por parecer alegres como outrora.- Foi uma dessas horas singulares. Horas que são como o coração de uma ilha cingida por densas florescências: para além destas muralhas primaveris, as ondas respiram quase imperceptivelmente, e não se avista um únici barco que venha do passado distante, nem um só que queira continuar para o futuro. O fato de se lhe dever seguir um regresso ao quotidiano não pode esbater estas horas insulares. — Elas permanecem à margem de todas as outras horas, como que vividas ao mais alto nível do ser. Este tipo de existência insular e mais elevada é a meus olhos o futuro de muito poucos.

Uma felicidade toca, floresce ao longe,
Alastra em volta da minha solidão
E procura tecer para os meus sonhos
Um enfeite de ouro.
E ainda que
A minha pobre vida esteja gelada de madrugada
Inquieta e neve dolorosa,
A hora santa virá para ela,
Um dia, da sagrada Primavera...

Desejaria estar já em Dorfen. A cidade é tão ruidosa, estranha. E, nos períodos de maturação interior, nada de estranho deve aflorar as nossas margens. Um dia, daqui a muitos anos, compreenderás completamente tudo o que és para mim. O que é a fonte da montanha para quem está sequioso. E se quem está sequioso é um homem íntegro e agradecido, não vai procurar frescura e força à sua claridade para voltar a partir para o novo sol; sob sua proteção e suficientemente perto para ouvir o seu canto, constrói uma cabana e permanece neste vale pacífico até que os olhos estejam cansados do sol e o seu coração transborde de riqueza e de compreensão. Eu construí cabanas e — permaneço. Minha límpida fonte! Como te estou agradecido. Não quero mais ver flores, céu, sol — a não ser em ti. Tudo é absolutamente mais belo, mais fabuloso, quando o olhas: a flor nas tuas margens, que — sei isso do tempo em que tinha de ver as coisas sem ti — treme de frio no musgo, solitária e terna, reflete-se clara na tua bondade, vibrante, e quase aflora com a sua pequena cabeça o céu que irradia da tua profundeza. E o raio de sol que chega empoeirado e único aos teus limites transfigura-se e multiplica-se em chuva de centelhas nas ondas luminosas da tua alma. Minha límpida fonte. É através de ti que quero ver o mundo, porque, ao mesmo tempo, verei, já não o mundo, mas apenas a ti, a ti, a ti! Tu és o meu dia de festa. Quando em sonhos me junto a ti, tenho sempre flores nos cabelos. Desejaria colocar-te flores nos cabelos. Quais? Nenhuma tem a simplicidade comovente que deveria, nenhuma é suficientemente simples. Em que Maio colhê-las? — Mas creio agora que tens sempre nos cabelos uma grinalda — ou uma coroa... Nunca te vi de outro modo.
Nunca te vi, que não tivesse o desejo de te rezar. Nunca te ouvi, que não tivesse o desejo de acreditar em ti. Nunca te esperei, sem o desejo de sofrer por ti. Nunca te desejei, sem ter também o direito de me ajoelhar à tua frente. Sou para ti como o bastão para o caminhante, mas sem te apoiara. Sou para ti como o cetro é para o rei, mas sem te enriquecer. Sou para ti como a última pequena estrela é para a noite, ainda que a noite mal a distinguisse e ignorasse a sua cintilação.


Do livro: "Correspondência Amorosa", Rainer Maria Rilke e Lou Andreas-Salomé, trad. Manuel Alberto. Lisboa: Relógio D'Água Editores,1994. 

Eu não quero enterrar ninguém... Quero ser enterrado!

Irina Sopas
Certo dia fui convidada para uma festa de aniversário, e embora o aniversariante já beirasse quase a casa dos sessenta, qual não foi o meu espanto ao observar que a maioria dos seus amigos também nessa faixa etária encontrava-se atrelados a ninfetas. Sim é isso mesmo, N I N F E T A S. Para aqueles que não sabem o significado de ninfeta aqui vai: menina na puberdade voltada para o sexo ou que desperta desejo sexual.

Naquele dia fiquei horrorizada e até mesmo deprimida com a visão de homens com cerca de sessenta anos (alguns acima) saindo com “mulheres”, “meninas” (realmente não sei o que chamar) que tinham idade não só para serem filhas deles, mas provavelmente netas, que se voltássemos vinte anos atrás poderiam estar trocando as fraldas delas. A partir daí comecei a não só olhar a minha volta, mas também a observar. Descobri que aquela festa não era um acontecimento isolado, e que essa “epidemia” estava mais disseminada do que poderia imaginar. Não importava mais o lugar, bares, cafés, restaurantes e até mesmo boates a paisagem era a mesma.

Mais uma vez tentando compreender o porquê iniciei uma busca assídua em enciclopédias, internet, livros, tudo o que estivesse ao meu alcance para ter tal resposta. E a resposta veio. O que eu julgava ser um fenômeno, ou uma epidemia, é normal e existe desde que a sociedade foi criada, ou seja, é de tradição homens mais velhos preferirem mulheres mais novas para se relacionarem ou até mesmo constituir família. De acordo com pesquisadores os homens escolhem mulheres mais novas e atraentes com o intuito de aumentar as chances de reprodução. Eles querem garantir a sua prole.

Examinando desse ângulo, surgiu outra questão: porque as mulheres mais novas preferem homens mais velhos mesmo depois da emancipação da mulher? A minha opinião seria suspeita, nesse caso decidi perguntar para outras mulheres que se encontram na faixa etária entre os 20 e os 30 anos. Algumas afirmaram que se sentiam mais seguras, outras disseram um homem mais velho tem mais experiência e por isso poderiam aprender coisas novas, outras simplesmente responderam “não sei”, mas uma minoria fez menção à carência fraterna quando criança (confesso que fiquei emocionada).

Seja como for, depois de tantas respostas, a minha cegueira mental com relação a esse assunto foi embora. Afinal, porque a preocupação e as críticas destrutivas sobre a diferença de idades? Acredito que nessas horas a reciprocidade do sentimento no relacionamento deve ser o foco da questão e não a idade. Por vezes um homem vinte anos mais velho pode completar uma simples “ninfeta” e vice-versa, sem qualquer outra intenção, mas apenas pelo simples fato de que independente da grande diferença de idades quando estão juntos viram um só.

Quantos de nós já conseguimos isso? Não digo que devemos perder os freios inibitórios e sair por aí a caça de homens mais velhos, e eles de mulheres mais novas, nada disso, mas se por ventura, o homem ou a mulher “da sua vida” se apresentar com uma idade que discorde dos “padrões” da sociedade, não deixe essa chance passar, aproveite e seja feliz. Ao menos que você partilhe da opinião de um senhor que ao ser questionado sobre a preferência de mulheres mais novas me respondeu “Eu não quero enterrar ninguém, quero ser enterrado”.
Irina Sopas ® 2010
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IRINA SOPAS é o nome artístico de Irina Andrea Jacinto Sopas, nascida em 18.09.1984, em Luanda. Transferiu-se para o Brasil em 1999. Atualmente, reside no Rio de Janeiro. Cursa faculdade de Direito, pela UCAM, Universidade Cândido Mendes. Escreve poesia, crônica, artigo e ensaio. Participou da Antologia de Poetas Brasileiros – Volume 56 – Junho de 2009, organizada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Tem trabalhos publicados na Internet, como no site “Amo Leblon”, editado por Luiz Aviz, do qual é colunista (www.amoleblon.com.br); "Club-k-Angola", editado no Brasil por Nelo de Carvalho (http://club-k-angola.com/); "Blocos", de Urhacy Faustino e Leila Míccolis  (www.blocosonline.com.br); bric-à-brac, de Vicente Freitas (http://vicentefreitas.blogspot.com). Edita desde 2009 o blog http://irinasopas.blogspot.com/. Sua "I Coletânea de Poemas” (nome provisório), que marcará sua estreia em livro, já recebeu avaliações positivas de escritores veteranos, como: Mano Melo e Ricardo Alfaya. Atualmente tem o seu primeiro romance em fase de produção, que se passa no Brasil (Rio de Janeiro) e relata a história de "Bia", uma advogada de 27 anos, que mora sozinha, é drunkholic e acredita ser uma vítima da Lei de Murphy. Leia, comente, participe! 

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Nietzsche - O Caso de Lou Salomé - parte I

Primeiro programa da “Trilogia Nietzsche” traz o primeiro capitulo da história: “O caso de Lou Salomé”, uma paixão arrebatadora na vida do Filósofo Alemão. Ouça também fragmentos da obra de Nietzsche “O Crepúsculo dos Ídolos” e algumas máximas do seu pensamento a respeito das mulheres.
Voz: Lori Santos
Produção: Djaine Damiati

1. Abertura
2. “A Estupidez da Paixão” - Nietzsche
3. “O Caso de Lou Salomé” parte 1 - O Encontro
4. “A Paz da Alma” - Nietzsche
5. Máximas de Nietzsche sobre as mulheres
6. Encerramento

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sábado, dezembro 18, 2010

Nietzsche - O Caso de Lou Salomé - parte II


Lou Salomé, Paul Rée, Nietzsche, 1882
Mais um programa da “Trilogia Nietzsche” traz o segundo capitulo de “O caso de Lou Salomé”. E ainda a participação especial de Christian Gurtner do Podcast Escriba Café com fragmentos de “Ecce Homo” autobiografia filosófica-espiritual de Nietzsche. Participações especiais de Tatto Garcia do Podcast Espaço Retrô e da artista plástica e arte educadora Pitanga. Vozes: Nietzsche - Lori Santos Lou Salomé - Pitanga Overbeacks - Tatto Garcia Vinheta Alma da Palavra - Rodrigo Daniel Narração - Djaine Damiati Produção: Djaine Damiati 1. Abertura: 10 anos sem Caio Fernando Abreu e Oficina de Podcast no SESC São Carlos 2. Fragmentos “Ecce Homo” 3. “O Caso de Lou Salomé” parte 2 - O Triângulo 4. Fragmentos “Ecce Homo” 5. Encerramento com música de Aquiles Faneco Agradecimentos a todos que ouviram, comentaram e divulgaram. 
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Nietzsche - O caso de Lou Salomé - parte III


Último da “Trilogia Nietzsche” traz o terceiro capitulo de “O caso de Lou Salomé”. Vozes: Fragmentos de Nietzsche Lori Santos Narração – Djaine Damiati Vinheta Alma da Palavra – Rodrigo Daniel Produção: Djaine Damiati 1. Abertura 2. Fragmentos “Assim Falava Zaratustra” 3. “O Caso de Lou Salomé” parte 3 4. Prólogo “Além do Bem e do Mal” 5. Biografia de Nietzsche 6. Encerramento com música “Nachtlang einer sylversternacht” da autoria de Nietzsche Agradecimentos a todos que ouviram, comentaram e divulgaram. 
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"Tamanho" é documento?


Brasil – Navegando pela internet sem rumo certo, tomei um susto quando encontrei casualmente uma notícia que anunciava que um paciente após ser submetido a uma cirurgia de aumento peniano passando de 15 cm para 25 cm, apresentou arrependimento e retornou a clínica desesperado solicitando que os médicos revertessem à operação, isto é, reduzíssem o seu membro para o tamanho “normal”.


“Não é o pênis do homem que é pequeno,
o corpo é que é grande demais”
Irina Sopas
Não pude deixar de pensar sobre o tema, afinal sabemos que essa preocupação é frequente entre os homens, não só na adolescência, mas até mesmo na idade adulta. Daí o aumento de consultas a urologistas que cada vez mais são submetidos à famosa afirmação “Tenho o pau pequeno”, que apresentam assim resposta unânime “Seu pênis é normal”. Mas o que seria um pênis normal? Existe um que seja anormal? Informo desde já que não pretendo neste texto ensinar ninguém a medir o tamanho do membro, até porque não tenho um. Mas é bom elucidar um pouco este assunto, que ao longo de décadas tem sido supervalorizado, contribuindo para o aparecimento de crenças errôneas e a criação de uma indústria que visa o aumento peniano.
Que tal um pouco sobre a “normalidade” e “anormalidade” do pênis? Um pênis flácido mede de 5 cm a 10 cm de comprimento. O médico William H. Masters e a psicóloga Virginia E. Johnson ambos norte americanos, verificaram que o pênis em ereção mede de 12,5 cm a 17,5 cm. Vale ressaltar que o tamanho durante a flacidez não determina o tamanho durante a ereção.
Com relação à “anormalidade” do pênis, até os dias de hoje não há definição universalmente aceita para um pênis anormal, mas para fins práticos, considera-se um pênis flácido de até 4 cm, e em ereção até 7,5cm, como pequeno.
Especialistas afirmam que homens com membros menores podem satisfazer a mulher da mesma forma que os homens dotados de membros maiores, na medida que o mais importante para o prazer da parceira é a espessura, o que significa que o tamanho definitivamente não conta na hora de dar prazer à mulher. Isto deve-se ao fato de que a vagina tem profundidade variável de 9 a 12 cm, todavia, a maioria das terminações nervosas relacionadas ao prazer sexual situam-se justamente na entrada. Deduzindo-se assim que a espessura do pênis seja mais importante do que o seu comprimento.
Apesar das informações anteriores, não me dei por satisfeita e decidi procurar dois urologistas e perguntei se a nacionalidade do homem tem efeito sobre o tamanho do seu pênis. A resposta foi “não”. Ambos declararam que a nacionalidade não influencia no tamanho do pênis, e completaram dizendo que o que influencia o tamanho do membro masculino é a raça. O tamanho médio do pênis dos homens negros é maior que o tamanho médio do pênis de um homem branco, mas é possível encontrar homens com pênis de 8 cm até 32 cm, e também casos raros, que extrapolam essa faixa, tanto para menos como para mais, e que variam não só em comprimento, mas também em circunferência.
Aproveitando o ensejo decidi perguntar diretamente a eles e elas. Será que tamanho é realmente documento? Dividi em três grupos. Um grupo com cinco mulheres com idades compreendidas entre 25 anos e 30 anos. Outro grupo de sete homens que consideram que seus membros estão dentro da dimensão normal ou acima, com faixa etária entre 27 e 35 anos. E um terceiro grupo com cinco homens dos 25 aos 32 anos, que acreditam ter um pênis abaixo da “média”, aproximando-se dos valores que são “considerados” pênis pequenos ou como alguns especialistas preferem chamar “micro pênis”.
Todas as cinco mulheres reconheceram que SIM, tamanho é documento, mas preste atenção – duas destacaram que “Se o pênis for grosso, o comprimento não tem tanta importância.” – outras sustentaram que “O pênis deve ser normal, nunca grande demais, porque muito grande machuca.” – “Além de ser normal e grosso o homem tem que saber usar.” – e a última afirmou que “O pênis tem que dar para segurar com a mão toda.” Nenhuma das entrevistadas soube dizer precisamente qual o conceito de normal, quando questionada.
O segundo grupo (homens mais dotados) ao ser abordado com tal questão mostrou várias respostas. As negativas totalizaram quatro e foram elas: “Não. Habilidade lingual sim é importante.” –“Não. A química entre o casal é mais importante.” – “Não. Pois há mulheres que sentem desconforto no ato sexual, deixando de ser prazer e passando a ser tortura.” – “Não. Há tamanho e gosto para todas (mulheres).” Já dois deles partilharam da mesma opinião das mulheres – “Sim, mas o que importa é a espessura.” – “Sim. Na medida certa, mas também ter um bom tamanho e não fazer nada não é bom.” Por fim, apareceu um que disse que: “Depende. Vai da safadeza da mulher, do tamanho da vagina, e lógico da espessura”
O último grupo dos homens (menos dotados), afirmou de forma unânime que têm uma boa ereção e não têm queixas dos seus relacionamentos sexuais.
Com os esclarecimentos expostos e tantas respostas para o mesmo assunto, pude constatar que “sim”, “tamanho” é documento e as respostas confirmaram isso.
Infelizmente, a mulher ao olhar para um homem com um membro mais dotado, automaticamente associa a dimensão do seu pênis, a maior virilidade e maior desempenho sexual, ocorrendo o contrário quando o homem apresenta um pênis menor. Mas não se desespere especialistas corrobam a opinião do terceiro grupo de entrevistados dizendo que as preliminares causam mais diferença no bom desempenho sexual do que o tamanho do pênis.
Por isso, você homem fanático com o tamanho do seu pênis, que carrega para cima e para baixo a régua e a fita métrica, comece a pensar com a cabeça de cima e pare de: dar aquela espiadela básica para o pênis do outro, e tentar entender porque você com 1.80 m de altura tem um membro menor do que a figura que se encontra do seu lado com apenas 1.50 m – encarar absurdamente o homem de raça diferente da sua, como se ele tivesse uma aberração no meio das pernas – e vá melhorar a sua habilidade em estimular a sua parceira, que sem sombra de dúvida é muito mais importante do que a dimensão do pênis e não se esqueça de que, mais vale um pequeno trabalhador do que um grande molengão e tenha sempre na sua cabeça o que pensa uma das entrevistadas “Não é o pênis do homem que é pequeno, o corpo é que é grande demais”.
Observação: as palavras dimensão e tamanho foram utilizadas como sinônimos.
Irina Sopas ® 2010
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IRINA SOPAS é o nome artístico de Irina Andrea Jacinto Sopas, nascida em 18.09.1984, em Luanda. Transferiu-se para o Brasil em 1999. Atualmente, reside no Rio de Janeiro. Cursa faculdade de Direito, pela UCAM, Universidade Cândido Mendes. Escreve poesia, crônica, artigo e ensaio. Participou da Antologia de Poetas Brasileiros – Volume 56 – Junho de 2009, organizada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Tem trabalhos publicados na Internet, como no site “Amo Leblon”, editado por Luiz Aviz, do qual é colunista (www.amoleblon.com.br); "Club-k-Angola", editado no Brasil por Nelo de Carvalho (http://club-k-angola.com/); "Blocos", de Urhacy Faustino e Leila Míccolis  (www.blocosonline.com.br); bric-à-brac, de Vicente Freitas (http://vicentefreitas.blogspot.com). Edita desde 2009 o blog http://irinasopas.blogspot.com/. Sua "I Coletânea de Poemas” (nome provisório), que marcará sua estreia em livro, já recebeu avaliações positivas de escritores veteranos, como: Mano Melo e Ricardo Alfaya. Atualmente tem o seu primeiro romance em fase de produção, que se passa no Brasil (Rio de Janeiro) e relata a história de "Bia", uma advogada de 27 anos, que mora sozinha, é drunkholic e acredita ser uma vítima da Lei de Murphy. Leia, comente, participe! 

quarta-feira, dezembro 15, 2010

No centenário de Noel Rosa, fãs lembram trajetória do Poeta


Grupo atrai turistas para passeio musical pelas ruas de Vila Isabel.

Vida e obra do compositor são destaques em rodas de samba, filme e livro. Aluizio Freire      Do G1 RJ

Durante um animado bate-papo em um boteco de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, os integrantes da mesa atravessam a tarde lembrando histórias e sambas antológicos do compositor mais ilustre do bairro. Naquele espaço, tão contagiante que atrai curiosos de todas as idades, a trajetória de Noel Rosa (1910-1937), cujo centenário é comemorado neste sábado (11), é contada em versos e prosas.
Nessa reunião improvisada, uma das figuras mais encantadoras do grupo é Araken Martins Costa, 85 anos, que enche o peito de orgulho ao contar que conheceu o Poeta da Vila e que morava em frente a casa do mestre, na Teodoro da Silva, esquina com a Visconde de Abaeté.
No local, foi construído há cerca de 50 anos um prédio de oito andares, o Edifício Noel Rosa.
“Ele era notívago. Passava as noites bebendo, com os amigos, compondo seus sambas, e dormia durante o dia. A mãe dele contava que quando saía sempre deixava um bilhete avisando que ia gravar, mas virava a noite”, lembra, cheio de admiração pela atitude do boêmio, fumante inveterado, apesar da saúde frágil, e compositor que escrevia letras memoráveis em guardanapos de papel.
Com tantas histórias na ponta da língua sobre o grande ídolo do bairro, Araken passou a atrair muitos jovens interessados em conhecer a controvertida figura do homem que compôs canções inesquecíveis como “Com que roupa?”, “Palpite infeliz”, “Dama do cabaré” e “Último desejo”, entre tantos outros sucessos.
“Às vezes descia de manhã e parava na 28 de Setembro com a Rua Souza Franco para engraxar os sapatos com o Paschoal, um amigo. Vaidoso, costumava usar sapatos bicolores. Ele iniciava uma conversa, mas logo começava a cochilar na cadeira”, revela o historiador informal do compositor.
Musas
Com muita lucidez e uma memória invejável, o antigo vizinho de Noel entra na deliciosa polêmica sobre a musa inspiradora para a música "Três apitos".
À época, cogitou-se que a canção seria dedicada a uma moça de nome Clara, vizinha e conhecida da família e com quem Noel Rosa mantinha um relacionamento. A principal pista era o fato de ela trabalhar na fábrica de tecidos Confiança, em Vila Isabel, onde hoje se encontra o Supermercado Extra Boulevard.
Mas, para Araken e outros estudiosos da obra do compositor a música teria sido feita para Josefina Telles Nunes, que trabalhava numa fábrica de botões na Rua Barão de Mesquita, no Andaraí.
Há ainda outras polêmicas amorosas que envolveram o nome de Noel, apesar de casado com Lindaura Medeiros Rosa. “Ele foi apaixonado pela Ceci (Juracy Corrêa de Moraes, dançarina de cabaré), mas ela também teve um caso com Wilson Batista e namorou o Mário Lago”, conta, rindo, como quem revela um segredo de alcova.
Para ele, a melhor resposta do Poeta da Vila para o episódio é a composição "Quem ri melhor", feita para o carnaval de 1937. A musa ainda teria inspirado a canção “Pra que mentir?”.
Passeio musical
O músico Adilson Pereira, o Adilson da Vila, é outro estudioso da obra desse homem que é considerado um dos maiores nomes da música popular. E, na mesa do bar, pede a palavra. “Durante seis meses fiquei estudando o samba de Noel e a influência dessas canções na vida de quem mora em Vila Isabel. É uma riqueza que o mundo precisa conhecer”, exalta.
Com a benção de bambas como tias Surica e Doca, Seu Argemiro e Monarco, Adilson formou a Velha Guarda Musical para divulgar a obra do Poeta de Vila Isabel. Começaram a tocar em aniversários, depois acompanharam shows de Zeca Pagodinho e Marquinhos Satã.
Diante do sucesso, ganharam o mundo. Já se apresentaram na Rússia, China e países do Oriente Médio com o show “Vila canta e conta sua história”.
Mas o trabalho mais gratificante que essa turma faz é o projeto “Passeio Musical”, que tem atraído muitos turistas. “É uma forma de trazer o público para conhecer esse bairro, berço do samba. Vamos conduzindo as pessoas pelas calçadas e tocando as músicas sobre as partituras de Noel. No passeio, que cruza a Avenida 28 de Setembro, os visitantes podem apreciar a estátua de Noel erguida em 1996. O próximo passeio será no dia 20 de janeiro.
“É uma emoção muito grande fazer parte desse universo musical tão rico. Cada momento como esse vale uma vida”, revela, emocionada, a intérprete do bloco “Mulheres da Vila”, Juju Bragança, acompanhada por Fátima Mendes, Márcia Rossi, Idália Vilaça, Maria Zilca, Jurema Mendes e Célia Mota. Quem dirige o grupo é Nádia Cursino.
Vida e obra
A paixão pela vida e obra de Noel Rosa pode ser explicada pela riqueza de suas canções, mas também pela morte prematura de um gênio da música, o cronista de uma época, como é reconhecido pelos pesquisadores.
Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910, em Vila Isabel, de um parto difícil. Os dois médicos que o atendiam tiveram que usar o fórceps. O uso do instrumento teria sido a causa do afundamento do seu maxilar.
Ele é o primeiro dos dois filhos de Manuel Garcia de Medeiros Rosa e Martha Corrêa de Azevedo.
Aos 12 anos, Noel começou a estudar no Colégio São Bento. O sonho dos pais era que ele se formasse em medicina, como o avô e o tio. Chegou a entrar na universidade, mas interrompeu os estudos para enveredar pelo mundo do samba.
Compôs mais de 250 músicas, a maioria sucessos que são lembrados até hoje.
Sua maior influência musical em casa foi a avó materna, Rita, que tocava piano. Mas, com o pai e amigos, entre eles Vicente Sabonete, aprendeu a tocar bandolim.
Foi no Bando de Tangarás, grupo que formou ao lado de João de Barro, o Braguinha, Almirante, Alvinho e Henrique Brito que começou sua carreira.
Em 1934, Noel contraiu tuberculose, doença que causaria sua morte em 4 de maio de 1937. Morreu aos 26 anos, quatro meses e 23 dias deixando fãs e amigos inconsoláveis.
Em 2010, numa defesa apaixonada de Martinho da Vila, para que o centenário do compositor não passasse em branco pela escola, Noel Rosa foi homenageado no enredo da Unidos de Vila Isabel.
O livro que melhor retrata a vida e obra do Poeta da Vila é “Noel Rosa - Uma biografia”, escrito pelo jornalista João Máximo e o pesquisador e biógrafo Carlos Didier.
A trajetória do músico também é lembrada em palestras do professor Luiz Ricardo Leitão e no documentário dirigido por Ricardo van Steen.

sábado, dezembro 11, 2010

Liberdade: Direito ou Ilusão?

Irina Sopas
A qualidade de uma pessoa não se encontrar sujeita ao domínio de outrem, ter poder sobre si mesmo e sobre seus atos, poderia ser um conceito puro de liberdade. Porém o conceito de liberdade é muito complexo, pois abrange muitos sentidos. As dificuldades teóricas intrínsecas ao conceito de liberdade fizeram as ciências humanas e sociais optarem o termo plural e concreto “liberdades” ao ideal absoluto de “liberdade”. Na medida que a liberdade é a soma de várias liberdades específicas, diretamente ligadas ao indivíduo e à sociedade, à ciência e a religião, à ética e a política, e a quase todas as áreas de atividade humana. Por isso fala-se constantemente em liberdades sindicais, econômicas, de opinião, de pensamento etc.

Em sentido lato a palavra “liberdade” vem do latim
 libertate e indica a faculdade de cada pessoa decidir ou agir de acordo com a própria determinação dentro de uma sociedade organizada, limitada pelas normas impostas por esta, ou seja, a liberdade será determinada pelos seus princípios de "direito": o errar e o acertar.

Sabemos que o desejo de liberdade é um sentimento profundamente arraigado no ser humano, por isso há sempre questões, dúvidas e impossibilidades: o casamento, a escolha de uma profissão, o compromisso com uma religião, entre outras coisas, exigem do homem uma decisão quanto ao seu próprio futuro, através de escolhas pelas quais ele se responsabiliza assumindo riscos (vitórias ou derrotas). As escolhas dificilmente são fáceis e simples, pois optar por uma alternativa pode significar a renúncia à outra ou às outras. Mas será a liberdade um direito ou uma ilusão? Responder a isto é delicado e problemático, pois cada pessoa tem um entendimento peculiar na sua concepção de liberdade, por isso falarei um pouco quanto à liberdade ser um direito ou uma ilusão.

A liberdade pode ser considerada uma ilusão, na medida que a nossa conduta é sempre determinada. Quando decidimos por algo, fazemos condicionados em sistemas de vida, agindo conforme o que observamos, aprendemos. A falta de controle sob tantas situações fortalece ainda mais a ideia de que a liberdade é uma utopia. Não temos poder de decisão sobre muitas coisas: quando, onde e como nascemos; saúde; desastres; o tipo de educação que recebemos; a entrada no curso pretendido, sem contar que há inúmeras decisões tomadas cujos efeitos não são os esperados.

Já observando pela ótica legal, a liberdade é um direito do indivíduo adquirido e reconhecido. Um direito absoluto sobre si que presume responsabilidade pelas decisões concretizadas, não sendo admissível qualquer contestação das decisões racionalmente concebidas. Pois tal contestação levaria a julgar que o indivíduo é incapaz para a liberdade, devendo ficar sob a responsabilidade ou sob as decisões alheias, já que é incapaz. Em suma, uma pessoa é livre quando a sociedade não lhe impõe nenhum limite injusto ou absurdo. Mas o que seria um limite desnecessário? A imposição de um limite paradoxal transformaria o conceito de liberdade como “direito legítimo” para a liberdade como um “sonho”? É neste ponto que habita a ambiguidade do tema em questão.

A Constituição Federal no seu Art. 5º, inciso II diz que “
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Com este inciso o constituinte quer proteger o cidadão de abusos de poder, pois só a lei (elaborada de acordo com o pressuposto democrático) terá legitimidade para restringir a liberdade individual. Esse pressuposto decorre de que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos. Estes últimos elaboram as leis (através de plebiscitos, referendos etc.) com finalidade de regrar as condutas socialmente permitidas, proibidas e obrigatórias. O que acontece muitas vezes é que esses representantes aprovam as leis sem grandes debates com a sociedade, que pode originar a proibição de condutas ou restrições na liberdade individual. É o caso da “Lei Seca” (Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008), que só após entrar em vigência na data da sua publicação (20/06/2008), passou a ter o seu conteúdo discutido.

A “Lei Seca” visa prevenir e reduzir a ocorrência de acidentes de trânsito causados por condutores irresponsáveis e imprudentes que dirigem seus veículos sob efeito do álcool, através da adoção de determinados mecanismos (não farei referência). Vale lembrar que dirigir sob o efeito ou influência do álcool já era vedado pelo Art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997), ou seja, dirigir embriagado sempre foi uma grave infração de trânsito. A intenção da nova lei é excelente, a GRANDE DIFERENÇA é que a ingestão de álcool pelo motorista é, na prática, proibitiva, restringindo a liberdade individual, que seria o poder de beber e dirigir, dentro de níveis baixos de alcoolemia que não prejudiquem a boa condução. Já para os indivíduos absolutamente alcoolizados, aqueles que andam “trocando as pernas” e, portanto, incapacitados para dirigir veículos ou até mesmo uma bicicleta, a Lei já contemplava rigorosas punições. Acontece que se a lei anterior recebesse o mesmo nível de fiscalização que a atual recebe, não haveria necessidade de uma lei tão rígida que muitos consideram uma agressão repulsiva à liberdade.

Mas calma, a “Lei Seca” é apenas mais uma entre outras que afastam cada vez mais a liberdade como direito e a elevam para o âmbito da ilusão. O Projeto de Lei do Senado nº 181/2007, cuja essência é a proibição em um prazo de dois anos da utilização de gordura trans que deixa os alimentos mais saborosos, confere maior validade etc., pelo simples fato de ser um fator de risco para a obesidade e as doenças cardiovasculares. Triste não? Além da quantidade inadmissível de álcool que podemos ingerir, que já faz muita gente chorar, em breve comeremos batatas fritas murchas (gordura trans é que as deixa crocantes) e biscoitos com recheios derretidos.


OK! Poderia escrever indefinidamente sobre o assunto da Liberdade, mas não farei.

Partilho da opinião de que não podemos deixar de lado os fins perseguidos pelo Estado, como a defesa da vida humana, mas será que isso justifica todos os meios utilizados, sob a pena de vivermos em uma sociedade em que a vontade do Estado prevalece indo contra os princípios democráticos? Estarão às pessoas dispostas a abdicar de sua liberdade individual, de sua prerrogativa constitucional de decidir livremente e assumir os riscos da decisão? Acredito que talvez nunca venhamos a descobrir uma definição absoluta, concreta e imutável de liberdade, pois esta varia, da mesma forma que para mim não existe liberdade zero ou nula. Por mais escravizada que se ache uma pessoa, sempre lhe sobra algum poder de escolha. Também não há liberdade infinita, ninguém pode escolher tudo, por isso afirmo que, para mim liberdade é expectativa de direito, por não depender unicamente de nós, ela em determinadas situações pode ser uma fantasia, um sonho ou simplesmente uma visão.
Observação: a legislação citada no artigo pode ser consultada em:
Irina Sopas ® 2010
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IRINA SOPAS é o nome artístico de Irina Andrea Jacinto Sopas, nascida em 18.09.1984, em Luanda. Transferiu-se para o Brasil em 1999. Atualmente, reside no Rio de Janeiro. Cursa faculdade de Direito, pela UCAM, Universidade Cândido Mendes. Escreve poesia, crônica, artigo e ensaio. Participou da Antologia de Poetas Brasileiros – Volume 56 –Junho de 2009, organizada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Tem trabalhos publicados na Internet, como no site “Amo Leblon”, editado por Luiz Aviz, do qual é colunista (www.amoleblon.com.br); "Club-k-Angola", editado no Brasil por Nelo de Carvalho (http://club-k-angola.com/); "Blocos", de Urhacy Faustino e Leila Míccolis  (www.blocosonline.com.br); bric-à-brac, de Vicente Freitas (http://vicentefreitas.blogspot.com). Edita desde 2009 o blog http://irinasopas.blogspot.com/. Sua "I Coletânea de Poemas” (nome provisório), que marcará sua estreia em livro, já recebeu avaliações positivas de escritores veteranos, como: Mano Melo e Ricardo Alfaya. Atualmente tem o seu primeiro romance em fase de produção, que se passa no Brasil (Rio de Janeiro) e relata a história de "Bia", uma advogada de 27 anos, que mora sozinha, é drunkholic e acredita ser uma vítima da Lei de Murphy. Leia, comente, participe! 

sábado, dezembro 04, 2010

Coração quebrado ou mente quebrada?

Irina Sopas
A expressão “coração quebrado” é trivial para aqueles que sofrem, já sofreram ou até mesmo sofrerão desilusões amorosas (ninguém está livre disso). Por isso, todos nós já dissemos, pensamos, ou ouvimos, incessantemente, fulano dizer que “está de coração quebrado” ou “cicrano quebrou o meu coração em pedaços”.

Após ouvir, tais expressões, vezes sem fim, decidi perguntar por quê. Porque é que o coração é o órgão eternamente ligado ao amor? Porque não o cérebro? Porque não associar o intestino? Obviamente ninguém associaria o amor a um órgão cuja função está diretamente ligada com a eliminação de faeces do nosso organismo. Mas não pensemos que essa associação é recente.

Nas culturas mais antigas o coração já se encontrava ligado às situações de cunho emocional, pois além de não conhecerem a função do cérebro, o coração era o único órgão cujo funcionamento variava de acordo com as emoções. Os antigos romanos tinham a certeza de que a memória tinha assento no coração. Da mesma forma que os hebreus pensavam que a consciência estava nos rins. Maravilha não? Continuando, que tal fazermos uma comparação entre o coração e a mente, para mais esclarecimentos?

O “coração” é um vocábulo de etimologia incerta. Do latim cor, cordis, desenvolve-se para cordial, acordar, discordar, recordar (recordar é fazer passar novamente pelo cor,), recurso, coragem e misericórdia. Do grego kardia desenvolve-se para cardíaco, cardiograma, endocárdio, pericárdio e outros termos médicos.

Metaforicamente pode ser considerado como a sede dos sentimentos, das emoções, até mesmo da consciência, mas apenas de forma figurada. Porém anatomicamente o coração é um músculo oco, é o órgão central do sistema circulatório sendo responsável pelo percurso do sangue bombeado através de todo organismo.

Por outro lado, a palavra “mente” vem do latim mente, de mens, “espirito”, “intelecto”, “pensamento”, “entendimento” que em lato sensu mente seria o estado da consciência ou subconsciência, relativo ao conjunto de pensamentos. De acordo com a jornalista norte americana especializada em ciência Sharon Begley “O cérebro é a estrutura física, o pouco mais de 1 quilo de tecido biológico dentro da cabeça. A mente é o resultado do funcionamento do cérebro: os pensamentos, os sentimentos e as emoções”. Já no dicionário técnico de psicologia de Álvaro e Nick (1979), segundo eles, mente “é o sistema total dos processos mentais ou atividades psíquicas de um indivíduo”.

Observando e comparando os conceitos acima é notável que o “amor” existe na nossa mente e não no nosso coração. Tudo bem, todos sabemos que sempre que estamos dominados por uma forte emoção, nossos batimentos cardíacos se alteram, da mesma forma que o amor e o prazer podem aumentá-los violentamente. Mas isso não significa que o coração seja a sede do amor. Se pensarmos assim qualquer dia estaremos associando o amor aos nossos genitais não? Afinal os genitais também sofrem alterações com o amor causando até excitação.

O que me intriga é porque nós em pleno século 21 acostumados com descobertas de novos conceitos que durante séculos foram mantidos como únicos, insistimos em utilizar tais conceitos que não correspondem à realidade? Porque não dizer que “fulano quebrou a minha mente” ou “cicrano deixou a minha mente em pedaços”? Que tal um pouco de realidade? Investigadores da Universidade da Flórida, nos EUA, especialistas em neurociências, conseguiram provar que o amor está no cérebro e não no coração, então paremos de acusar o pobre coração, cuja função é limitada, e acreditar que de acordo com alguns pesquisadores em breve será possível treinar o nosso cérebro para aumentar a felicidade e a compaixão.

Irina Sopas ® 2010 
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IRINA SOPAS é o nome artístico de Irina Andrea Jacinto Sopas, nascida em 18.09.1984, em Luanda. Transferiu-se para o Brasil em 1999. Atualmente, reside no Rio de Janeiro. Cursa faculdade de Direito, pela UCAM, Universidade Cândido Mendes. Escreve poesia, crônica, artigo e ensaio. Participou da Antologia de Poetas Brasileiros – Volume 56 –Junho de 2009, organizada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Tem trabalhos publicados na Internet, como no site “Amo Leblon”, editado por Luiz Aviz, do qual é colunista (www.amoleblon.com.br); "Club-k-Angola", editado no Brasil por Nelo de Carvalho (http://club-k-angola.com/); "Blocos", de Urhacy Faustino e Leila Míccolis  (www.blocosonline.com.br); bric-à-brac, de Vicente Freitas (http://vicentefreitas.blogspot.com). Edita desde 2009 o blog http://irinasopas.blogspot.com/. Sua "I Coletânea de Poemas” (nome provisório), que marcará sua estreia em livro, já recebeu avaliações positivas de escritores veteranos, como: Mano Melo e Ricardo Alfaya. Atualmente tem o seu primeiro romance em fase de produção, que se passa no Brasil (Rio de Janeiro) e relata a história de "Bia", uma advogada de 27 anos, que mora sozinha, é drunkholic e acredita ser uma vítima da Lei de Murphy. Leia, comente, participe!