sábado, dezembro 25, 2010

Eu não quero enterrar ninguém... Quero ser enterrado!

Irina Sopas
Certo dia fui convidada para uma festa de aniversário, e embora o aniversariante já beirasse quase a casa dos sessenta, qual não foi o meu espanto ao observar que a maioria dos seus amigos também nessa faixa etária encontrava-se atrelados a ninfetas. Sim é isso mesmo, N I N F E T A S. Para aqueles que não sabem o significado de ninfeta aqui vai: menina na puberdade voltada para o sexo ou que desperta desejo sexual.

Naquele dia fiquei horrorizada e até mesmo deprimida com a visão de homens com cerca de sessenta anos (alguns acima) saindo com “mulheres”, “meninas” (realmente não sei o que chamar) que tinham idade não só para serem filhas deles, mas provavelmente netas, que se voltássemos vinte anos atrás poderiam estar trocando as fraldas delas. A partir daí comecei a não só olhar a minha volta, mas também a observar. Descobri que aquela festa não era um acontecimento isolado, e que essa “epidemia” estava mais disseminada do que poderia imaginar. Não importava mais o lugar, bares, cafés, restaurantes e até mesmo boates a paisagem era a mesma.

Mais uma vez tentando compreender o porquê iniciei uma busca assídua em enciclopédias, internet, livros, tudo o que estivesse ao meu alcance para ter tal resposta. E a resposta veio. O que eu julgava ser um fenômeno, ou uma epidemia, é normal e existe desde que a sociedade foi criada, ou seja, é de tradição homens mais velhos preferirem mulheres mais novas para se relacionarem ou até mesmo constituir família. De acordo com pesquisadores os homens escolhem mulheres mais novas e atraentes com o intuito de aumentar as chances de reprodução. Eles querem garantir a sua prole.

Examinando desse ângulo, surgiu outra questão: porque as mulheres mais novas preferem homens mais velhos mesmo depois da emancipação da mulher? A minha opinião seria suspeita, nesse caso decidi perguntar para outras mulheres que se encontram na faixa etária entre os 20 e os 30 anos. Algumas afirmaram que se sentiam mais seguras, outras disseram um homem mais velho tem mais experiência e por isso poderiam aprender coisas novas, outras simplesmente responderam “não sei”, mas uma minoria fez menção à carência fraterna quando criança (confesso que fiquei emocionada).

Seja como for, depois de tantas respostas, a minha cegueira mental com relação a esse assunto foi embora. Afinal, porque a preocupação e as críticas destrutivas sobre a diferença de idades? Acredito que nessas horas a reciprocidade do sentimento no relacionamento deve ser o foco da questão e não a idade. Por vezes um homem vinte anos mais velho pode completar uma simples “ninfeta” e vice-versa, sem qualquer outra intenção, mas apenas pelo simples fato de que independente da grande diferença de idades quando estão juntos viram um só.

Quantos de nós já conseguimos isso? Não digo que devemos perder os freios inibitórios e sair por aí a caça de homens mais velhos, e eles de mulheres mais novas, nada disso, mas se por ventura, o homem ou a mulher “da sua vida” se apresentar com uma idade que discorde dos “padrões” da sociedade, não deixe essa chance passar, aproveite e seja feliz. Ao menos que você partilhe da opinião de um senhor que ao ser questionado sobre a preferência de mulheres mais novas me respondeu “Eu não quero enterrar ninguém, quero ser enterrado”.
Irina Sopas ® 2010
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IRINA SOPAS é o nome artístico de Irina Andrea Jacinto Sopas, nascida em 18.09.1984, em Luanda. Transferiu-se para o Brasil em 1999. Atualmente, reside no Rio de Janeiro. Cursa faculdade de Direito, pela UCAM, Universidade Cândido Mendes. Escreve poesia, crônica, artigo e ensaio. Participou da Antologia de Poetas Brasileiros – Volume 56 – Junho de 2009, organizada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Tem trabalhos publicados na Internet, como no site “Amo Leblon”, editado por Luiz Aviz, do qual é colunista (www.amoleblon.com.br); "Club-k-Angola", editado no Brasil por Nelo de Carvalho (http://club-k-angola.com/); "Blocos", de Urhacy Faustino e Leila Míccolis  (www.blocosonline.com.br); bric-à-brac, de Vicente Freitas (http://vicentefreitas.blogspot.com). Edita desde 2009 o blog http://irinasopas.blogspot.com/. Sua "I Coletânea de Poemas” (nome provisório), que marcará sua estreia em livro, já recebeu avaliações positivas de escritores veteranos, como: Mano Melo e Ricardo Alfaya. Atualmente tem o seu primeiro romance em fase de produção, que se passa no Brasil (Rio de Janeiro) e relata a história de "Bia", uma advogada de 27 anos, que mora sozinha, é drunkholic e acredita ser uma vítima da Lei de Murphy. Leia, comente, participe! 

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