Jornalista e escritor Lustosa da Costa, o cronista de Sobral |
O jornalista e escritor Lustosa da Costa, autor de vários livros publicados, inclusive em Lisboa e Cabo Verde, lançou recentemente, Sem peúgas nem borzeguins (crônicas para o entardecer). Ao evento prestigiaram amigos e autoridades cearenses — escritores, jornalistas e poetas, no Centro Cultural OBOÉ, em Fortaleza, local onde também foram lançados, anteriormente, outros livros do cronista: Clero, nobreza e povo de Sobral, obra de rara intensidade e realismo, e Ao cair da tarde, de crônicas.
O jornalista Raymundo Netto, no Prefácio, ressalta a qualidade literária da obra e as origens do escritor, sobretudo sua paixão pelo Ceará, ligado desde a infância à cidade de Sobral, comuna pela qual o cronista “cultiva uma verdadeira fixação literária e uma enternecedora paixão existencial”. Sem peúgas nem borzeguins tem edição primorosa: capa com ilustração de Isabel Lustosa, projeto gráfico de Raymundo Netto, fortuna crítica de Marilene Pereira, do Centro de Estudos do Brasil, de Cabo Verde; Almeida Santos, escritor, de Lisboa, e, inclusive, uma desataviada prosa, da minha lavoura.
Em Menção à obra de Lustosa da Costa, na Câmara dos Deputados, e leitura da Saudação do Socialista, Almeida Santos, de Portugal, o deputado Mauro Benevides, destacou: “Lustosa vive intensamente sua jornada terrena, e vai continuar criando novos contos e romances, a fim de fruir, com vitalidade, a existência literária vitoriosa”.
Já são em número de três, os livros do escritor publicados na pátria de Luís de Camões. Para Almeida Santos, “Lustosa da Costa já é um mestre da literatura. E, entre o descritivo e o diálogo, é natural, gracioso e espontâneo. E a graça de que se reveste assume com frequência
— o que só o enriquece
— os contornos da ironia”.
Foi ali, na Pátra-Mãe, elogiado por escritores como Onésimo de Almeida, Teolinda Gersão, João Melo, e Cunha de Leiradella. Em Paris, seu romance, Vida, paixão e morte de Etelvino Soares mereceu elogios de Alice Raillard. Na África, Germano de Almeida, de Cabo Verde, e Mia Couto, de Moçambique, elogiaram sua obra de ficção.
Quanto à paixão sobralense, Almeida observou: “Sobral, o pequeno mundo que sintetiza o universo de sua memória e de seus afetos. Que digo eu? Da sua universalíssima cultura, tudo isso traduzido numa observação despretensiosa e numa linguagem de grande versatilidade, atrativo e encanto”.
Ao ler, em 1986, Memorial do Convento, Lustosa teve um rompante: “Vou a Lisboa
conhecer Saramago”. Foi lá, no Restaurante Varina da Madragoa, seu encontro com o primeiro escritor da língua portuguesa a ganhar o prêmio Nobel de Literatura. A partir daí, travou uma longa amizade com Saramago, trazendo-o para jantar em sua casa, em Brasília. Nas suas crônicas Lustosa escreve sobre a obra do escritor e de sua intimidade com o mundo literário português. Igualmente, comenta sua própria obra, que já conta 28 títulos publicados. Segundo ele mesmo diz, nasceu para escrever. E, se não escrevesse, entupiria.
Neste livro, Sem peúgas nem borzeguins, Lustosa escreve meio a sério; meio a brincar. Assim o sério e o divertimento se misturam num todo, sem fronteiras definidas: um estilo rápido e solto, com ideias, às vezes, truncadas, e que atinge um efeito de grande dinamismo. Diz o escritor Antonio Muñoz Molina, da Real Academia Española, que Stendhal escreve como fala e respira. No Brasil, conheço caso semelhante, Lustosa da Costa.
Vicente Freitas, jornalista, poeta, escritor.
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