Ecos por un grito (1937) - David Alfaro Siqueiros |
Ponte – debaixo da ponte:
frio – noite fria, escura, deserta;
uma paisagem, ausência de paisagem.
Entre eu e eu, na brecha que dá pra avenida,
rua fechada, um beco, sem número, sem rumo:
Indistinto. Ambarino. Gris.
Irreversivelmente sem saída.
Os habitantes do meu corpo – os piolhos – dançam
no couro cabeludo: cabeça, tronco e membros,
a fazer cócegas, a ferir.
Noite: ferida noite, na ponte:
sem roupas, aos trapos,
sardas às costas,
debaixo da ponte: sem ponto, sem ponte.
Animal, roedor, de toga:
Inflige ao transgressor a sua transgressão.
Perdoa ao Homem da ponte: a Vítima
das vias nodosas da favela, do país.
Vê: outras formas se multiplicam,
vampiros com asas, um vermelho escuro
jorrando de parte nenhuma. Uma estrela?
Vicente Freitas
frio – noite fria, escura, deserta;
uma paisagem, ausência de paisagem.
Entre eu e eu, na brecha que dá pra avenida,
rua fechada, um beco, sem número, sem rumo:
Indistinto. Ambarino. Gris.
Irreversivelmente sem saída.
Os habitantes do meu corpo – os piolhos – dançam
no couro cabeludo: cabeça, tronco e membros,
a fazer cócegas, a ferir.
Noite: ferida noite, na ponte:
sem roupas, aos trapos,
sardas às costas,
debaixo da ponte: sem ponto, sem ponte.
Animal, roedor, de toga:
Inflige ao transgressor a sua transgressão.
Perdoa ao Homem da ponte: a Vítima
das vias nodosas da favela, do país.
Vê: outras formas se multiplicam,
vampiros com asas, um vermelho escuro
jorrando de parte nenhuma. Uma estrela?
Vicente Freitas
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