Andrea Trompczynski |
Qual é a chave então para que se progrida a até o ser para si? Tcharam ram ram ram! As leis, arrá! Descobrir as leis que governam o entendimento, a sensibilidade, a ação. Então, estou nem ligando, nesse estágio, se a sociedade impõe que deseja que eu seja rica, peituda e feliz como um comercial de margarina. Estou totalmente já desligada do dever-ser, já não me importa mais, as rédeas do status social se arrebentam totalmente. Inclusive, aqui estamos naquela tênue linha entre lucidez e loucura, percebo que já se romperam também as rédeas da razão e principalmente da razão socialmente aceita – que é medíocre e burra.
O salto é livre, jamais imposto,
somente proposto. Nesse estágio, já não se baseia mais no outro. Nesse estágio,
tudo é apenas – inclusive, e principalmente, o conhecimento e os livros –
sugestão. Aqui, nós temos o raciocínio verdadeiro, o pensar puro. Puro! Mas,
essencialmente é se descobrir o modus
operandi de uma certa dinâmica da vida e inventar outra. Assim, bem doido: não
gostei, vou criar outra. Mas, ainda assim, aqui nesse ponto é preciso
reconhecer que se depende de certas coisas, afinal, somos as tais ovelhas e
precisamos sobreviver, precisamos de água, comida e calor para isso.
Infelizmente, no entanto, não é uma escada de progresso estanque, linear.
O salto é livre,
jamais imposto, somente proposto. Nesse estágio, já não se
baseia mais no outro. Nesse estágio, tudo é apenas – inclusive, e principalmente, o
conhecimento e os livros – sugestão.
baseia mais no outro. Nesse estágio, tudo é apenas – inclusive, e principalmente, o
conhecimento e os livros – sugestão.
Podem-se intercalar as fases. Posso
ter dias mais primitivos, ou momentos ou segundos. Como o tempo também não é
linear. Não se sabe exatamente ainda a forma gráfica de representação do tempo,
apenas se tem certeza de algo: não é linear. Terei um futuro? – pergunto
novamente. Posso, sim, ter um futuro agora e posso voltar a ser uma cebola
irracional em poucos segundos e não terei futuro – intelectual, subentendido,
já que o outro não me desperta interesse nenhum – algum. Não é linear, não é
progressão pura e simples.
Os estágios convivem todos dentro do
ser e, ao mesmo tempo em que somos a ponta da evolução, somos a cebola. A droga
de estar na fase para-si é a negação total. Não sou mais o oposto dos meus
pares, não tenho mais referências. Nos sentimos sem nome, sem rótulo, sem casa,
sem ninho nenhum, sem um lugar no qual sentir igual aos outros. E precisamos,
na vida, sentir identificação, ter “espelhos”, pelo menos é o que dizem os
especialistas – e membros do Rotary Club. Então, há um futuro a nos esperar,
depois de tudo. Não linear ou com degraus para escalar, mas, ainda assim, a
possibilidade de um tempo, ainda assim um futuro. A superação. Uma ordem de
realidade mais completa. Caramba, eu quero isso. Ambiciono isso. Aqui, eu
acredito que, enfim, compreendemos. O quê? Gostaria muito de saber. Sim, tenho
um futuro e ele coexiste com meu presente. Ele está aqui, lá e acolá e a
qualquer momento vou senti-lo. Hegel, querido, sua visita foi um prazer.
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Andrea Trompczynski – O livro é um prazer sensorial para mim.
Capas antigas, o cheiro, anotações. Meu sonho de consumo é uma primeira edição
de Finnegan's Wake, com anotações, nas margens, da Lígia Fagundes
Telles. Não há arte maior que a literatura. Não há arte mais intensa e nem mais
difícil. É a única e verdadeira arte. Escrever. Vou em teatro, ouço música,
sim. Mas até a HQ para mim está acima da música. Não adianta. No princípio era
o verbo. Os homens são minha forma favorita de design. Não a
humanidade, os homens. Anti-feminista convicta, acredito que as super-mulheres
perdem o que há de melhor nos homens. Passei por essas fases de queimar sutiã e
hoje vejo que certa estava minha avó, não se deve lutar contra a
natureza. Tenho uma estranha sensação de déjà-vu quando
conheço coisas novas, é sempre como se já tivesse visto. Como se nada fosse
muito novo. Por ter andado por muitos lugares e vivido tantas coisas sem sair
do meu quarto, agora finalmente vendo "de verdade e se mexendo" o
mundo, não me deslumbro, não me fascino. Prefiro os livros.
Interessantíssimo texto!! Com todo esse turbilhão de informções, muitas delas, é claro, supérfluas e inúteis, vamos caminhando rumo a um futuro com o qual possamos, quem sabe, um belo dia, nos identificarmos uns com os outros, sem termos que nos alimentar por meros preceitos, estereótipos e tipos falsos de humanidade. Beleza!!!
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